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Brexit: O que ocorre agora que o Parlamento britânico rejeitou de novo o acordo de Theresa May?

Reino Unido terá que decidir agora se deixará bloco sem acordo ou se pedirá à União Europeia o adiamento de sua saída.

12 mar 2019 - 18h23
(atualizado às 18h35)

O Parlamento britânico rejeitou pela segunda vez, agora por 391 a 242 votos, o plano da primeira-ministra Theresa May para o Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia.

May esperava que as emendas de última hora ao acordo que ela costurou com o bloco europeu - cuja primeira versão foi rejeitada pelo Parlamento em janeiro por 432 votos a 202 - garantissem apoio suficiente à proposta.

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A premiê Theresa May e seu acordo para o Brexit sofreram nova derrota no Parlamento britânico
A premiê Theresa May e seu acordo para o Brexit sofreram nova derrota no Parlamento britânico
Foto: BBC News Brasil

Mas os planos sofreram um forte revés nesta terça-feira (12), dia da votação, quando o procurador-geral, Geoffrey Cox, afirmou que a nova redação do acordo não resolvia preocupações em torno da fronteira da Irlanda (leia mais abaixo).

E a nova derrota da primeira-ministra lançou o Brexit em um novo impasse.

O Reino Unido sairá sem acordo?

O próximo capítulo do Brexit deve ocorrer nesta quarta-feira (13) com mais uma votação. Os deputados terão que decidir se o Reino Unido deve ou não sair do bloco na data estabelecida (29 de março) sem um acordo costurado com a União Europeia.

Caso essa proposta passe no Parlamento, alternativa considerada improvável por analistas, não haveria um período de transição de 21 meses e resultaria em riscos para o comércio, imigração, saúde e diversas áreas.

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O Partido Conservador, ao qual pertence May, decidiu liberar os votos de seus membros para a votação sobre uma saída do bloco sem acordo. "Esse é um assunto de grande importância para o futuro de nosso país."

A primeira-ministra já havia alertado os parlamentares que, se eles não apoiassem seu "acordo aprimorado", arriscariam não chegar a "Brexit algum".

O Brexit pode ser adiado?

A rejeição de uma saída sem acordo resultaria em uma nova votação no dia seguinte (14). Neste cenário, os parlamentares britânicos decidirão se a primeira-ministra deve pedir à União Europeia uma extensão do artigo 50 do Tratado de Lisboa, o acordo internacional que altera os dois tratados que formam a base constitucional da UE.

O artigo estabelece o que ocorre quando um país decide sair do bloco e determina que as negociações entre o Estado-membro e o bloco sobre os termos deste divórcio devem se dar ao longo de dois anos.

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Esse pedido de adiamento jogaria a decisão do Brexit no colo do Parlamento Europeu, que teria o poder de determinar as condições para aceitar a solicitação britânica.

Em declaração após sua derrota nesta terça, May afirmou: "Votar contra uma saída do bloco sem acordo e pedir um adiamento não resolve os problemas que enfrentamos. A União Europeia vai querer saber o que pretendemos com essa extensão do prazo, e essa Casa terá que responder a essa pergunta".

Há uma cúpula de líderes do bloco prevista para os dias 21 e 22 de março, durante a qual um pedido formal de extensão do prazo poderia ser feito pelos britânicos e aprovado pelos europeus.

O Partido Trabalhista, liderado por Jeremy Corbin, quer a convocação de eleições gerais e um novo plebiscito sobre o Brexit
Foto: AFP / BBC News Brasil

O que a derrota significa para Theresa May?

A primeira-ministra britânica está em apuros. Seu curto período de liderança foi dominado pelas negociações do Brexit, que lhe renderam duas grandes derrotas parlamentares.

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Sua primeira tentativa de aprovar um acordo do Brexit na Câmara dos Comuns foi rejeitada em janeiro, derrubada por uma grande rebelião contra ela dentro de seu próprio partido.

O mesmo ocorreu nesta segunda votação: 235 parlamentares conservadores apoiaram a proposta de May, mas 75 foram contrários.

May sai enfraquecida após derrota
Foto: HOC / BBC News Brasil

Essa segunda derrota enfraquece ainda mais sua liderança do partido e amplifica os pedidos de saída dela do cargo.

Em dezembro passado, ela foi submetida a um voto de desconfiança de seus pares, mas sobreviveu por 200 votos a 117 ao prometer renunciar à liderança do partido antes das próximas eleições gerais.

Para o líder trabalhista, Jeremy Corbyn, a primeira-ministra deveria convocar eleições gerais e um novo referendo sobre o Brexit. O Partido Trabalhista votou em peso contra o acordo nesta terça-feira: 238 a 3.

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Por que a fronteira irlandesa é tão importante para um acordo?

Grande parte da disputa em torno do segundo acordo proposto por Theresa May girava em torno do chamado "backstop". Tanto o Reino Unido quanto a União Europeia comprometeram-se a evitar a volta de uma fronteira dura - controles físicos ou infraestruturas - entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, que se manteria no bloco econômico após o Brexit.

Atualmente, bens e serviços são negociados entre as duas jurisdições na ilha da Irlanda com poucas restrições. O Reino Unido e a República da Irlanda fazem parte do mercado único europeu e da união aduaneira do bloco - os produtos não precisam de ser inspecionados sob normas alfandegárias.

No caso do Brexit, as duas Irlandas ficarão sob regimes distintos, o que implica que produtos poderiam ser inspecionados na fronteira - algo que os britânicos não querem, justamente por temerem que checagens na divisa tragam à tona antigas tensões entre irlandeses e norte-irlandeses.

Os conservadores pró-Brexit também estão preocupados que "backstop" mantenha o Reino Unido indefinidamente na União Europeia sem margem para se retirar desse impasse. O mecanismo passaria por uma união aduaneira temporária, o que, na prática, manteria a UE e o Reino Unido dentro de um mercado comum - contrariando, para alguns, o princípio básico do Brexit.

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Para os opositores desse mecanismo, ele poderia dificultar a assinatura de outros tratados comerciais que pudessem beneficiar o Reino Unido após a saída da União Europeia.

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