O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira, 7, considerar apropriado o ritmo de cortes de 0,5 ponto porcentual da Selic nas próximas reuniões, como sinalizou o Comitê de Política Monetária (Copom).
"Temos visibilidade para as próximas duas reuniões", disse Campos Neto durante fórum de estratégias de investimento da Bradesco Asset e Bradesco Global Private. Nesse tempo, emendou, será possível avaliar o desenrolar do cenário global, como a desaceleração ou não da economia dos Estados Unidos no ritmo esperado e impactos da perda de tração da China no Brasil.
Será também monitorado o andamento de agendas importantes no Congresso, em especial o pacote tributário encaminhado ao Legislativo para equilibrar as finanças públicas.
Campos Neto avalia que o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos segue favorável, contribuindo para um desempenho do câmbio relativamente estável na comparação com outros mercados emergentes.
Ele ponderou, porém, que se o prêmio de risco fiscal aumentar no Brasil, em paralelo à elevação do prêmio de risco nas curvas de juros dos países desenvolvidos, a situação afetará, embora não mecanicamente, o processo de decisão do Copom.
Meta fiscal
Campos Neto disse ainda que os participantes do mercado não esperam déficit zero nas contas públicas primárias em 2024, mas é importante que o governo persiga essa meta. Segundo ele, um afrouxamento da meta fiscal pioraria as expectativas para as contas públicas a partir de 2025, gerando assim um maior prêmio de risco.
Ele manifestou que apoia o esforço do Ministério da Fazenda em reforçar "o máximo possível" a intenção de cumprir a meta.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse no final de outubro que o governo dificilmente vai conseguir cumprir a meta de déficit zero em 2024, mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem dado declarações de que a intenção é cumpri-la. Nesta terça, Lula afirmou que o governo irá "garantir estabilidade fiscal".