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Campos Neto vê "pouso suave" no combate à inflação e vincula melhora fiscal à queda da Selic

Na semana passada, o Copom deu início ao processo de redução da taxa básica de juros, com corte de 0,5%

10 ago 2023 - 10h52
(atualizado às 13h15)
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante sessão do Senado
15/02/2023
REUTERS/Adriano Machado
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante sessão do Senado 15/02/2023 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira, 10, que a instituição tem conseguido realizar um "pouso suave" no combate à inflação e que o controle de preços tem sido obtido com impacto muito pequeno sobre indicadores econômicos.

"O Banco Central, quando comparado com outros bancos centrais em outros países, trouxe a inflação para baixo com um custo muito pequeno de PIB, um custo muito pequeno de crescimento e um custo muito pequeno de desemprego", disse em audiência pública no Senado.

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Campos Neto destacou a importância de haver uma melhora nas projeções para o desempenho das contas públicas para que também haja efeito positivo nas expectativas para a política monetária, ressaltando que o país ainda tem uma "luta contra a inflação" à frente, o que requer juros contracionistas.

"A gente tem uma desancoragem gêmea. Eu digo que inflação vai ser baixa na frente, mas o mercado nem sempre acredita. Por outro lado, o governo diz que vai fazer um fiscal melhor na frente, mas o mercado não coloca isso no preço", afirmou.

Para o presidente do BC, o avanço de medidas prometidas pelo governo para ampliar receitas públicas tendem a melhorar o quadro fiscal, impactar positivamente a inflação e, por consequência, reancorar as expectativas monetárias."Isso significa que vamos ter juros menores lá na frente, a gente vai poder cair mais os juros à medida em que isso vá acontecendo", destacou.

Com o novo arcabouço fiscal, que ainda depende de aprovação do Congresso, o governo se comprometeu a zerar o déficit primário em 2024. No entanto, frustrações de receitas e atrasos de medidas têm tornado o cenário desafiador, com agentes do mercado ainda prevendo chance elevada de descumprimento desse compromisso.

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Na apresentação aos senadores, ele ponderou que a inflação do setor de serviços ainda preocupa, que não tem caído como em outras áreas da economia e ainda apresenta elevados núcleos (elementos menos sujeitos à volatilidade). Segundo Campos Neto, a autarquia tem atuado de forma autônoma e técnica para cumprir suas missões.

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária do BC deu início ao processo de redução da taxa básica Selic, com corte de 0,50 ponto percentual, para 13,25% ao ano. Ao mesmo tempo, sinalizou a intenção de promover novas reduções de meio ponto percentual nos próximos encontros.

Ao tratar dos motivos para que a Selic seja nominalmente tão elevada no Brasil, Campos Neto citou fatores como a baixa taxa de recuperação de crédito no país, os níveis da taxa de poupança, a dívida pública maior que outros países e o risco médio percebido "um pouco maior".

Campos Neto também criticou o nível do crédito direcionado no país, hoje na casa dos 41% do total dos financiamentos, o que reduz a potência da política monetária. "Em momentos em que o crédito direcionado baixou, a taxa de juros estrutural foi mais baixa", disse.

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