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Candidatos devem "dobrar apostas" no 2º turno e prejudicar contas públicas, dizem economistas

Avaliação é que tanto Lula quanto Bolsonaro terão de moderar discursos para atrair o eleitor do centro

3 out 2022 - 08h07
(atualizado às 10h13)

O primeiro turno das eleições deve render um saldo positivo para o mercado, afirmam economistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast. Para os especialistas, a diferença de 5 pontos porcentuais entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) - abaixo do indicado pelas pesquisas da última semana - sugere que os candidatos podem ter de migrar para o centro e não terão um "cheque em branco" para compor um governo.

A votação de Bolsonaro foi a maior surpresa. O presidente alcançou 43,2% dos votos válidos no primeiro turno, 9 pontos porcentuais acima do que indicava o agregador de pesquisas do Estadão Dados na véspera (36%). Ao mesmo tempo, o ex-presidente Lula alcançou 48,43% dos votos válidos, abaixo da performance de 52% - suficiente para levar a disputa no primeiro turno - indicada pelo agregador.

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"Minha aposta é que (os mercados) abrem muito positivos, pelo sinal de que Lula não vai ter carta branca e vai precisar entrar numa negociação mais dura. É um resultado menos ruim do que com Lula sem qualquer freio", resume o ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman. "Ele está perto, não precisa de muito, mas vai ter de puxar os votos do pessoal que votou em (Simone) Tebet e Ciro (Gomes)."

Para o estrategista da RB Investimentos Gustavo Cruz, a tendência é de moderação do discurso dos candidatos, de olho nos eleitores de centro. Assim, quem conseguir vencer a corrida ao Planalto terá "menos carta branca" para fazer o que quiser no mandato. Tanto Lula quanto Bolsonaro, avalia o estrategista, serão obrigados a deixar mais claro a partir de agora o que pretendem fazer nos próximos anos.

"Para o mercado financeiro, a eleição ir ao segundo turno é bem visto, o saldo é mais positivo. No segundo turno, o candidato precisa conquistar o eleitor que não é seu, que muita vezes é de centro", afirma o estrategista da RB, acrescentando que esse público, fora dos extremos e que cobra propostas mais responsáveis de gestão pública, foi em grande parte capturado pela candidatura de Simone Tebet (MDB).

Lula e Bolsonaro irão disputar o segundo turno; candidatos terão de puxar votos de Simone Tebet e Ciro Gomes.
Lula e Bolsonaro irão disputar o segundo turno; candidatos terão de puxar votos de Simone Tebet e Ciro Gomes.
Foto: Werther Santana, Felipe Rau, Pedro Kirilos e Tiago Queiroz/Estadão / Estadão

O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, também vê uma tendência de migração do ex-presidente Lula rumo ao centro, de forma a tentar conquistar os eleitores de Tebet e Ciro. Ele pondera que as notícias econômicas devem ser favoráveis para o governo Bolsonaro nas próximas semanas, com uma deflação de ao menos 0,20% no IPCA de setembro e uma queda do desemprego a ao menos 8,7% no trimestre até setembro.

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Apesar da tendência de moderação do discurso, sobretudo do petista, os economistas notam que há o risco de que um segundo turno disputado leve os dois candidatos a "dobrar a aposta" em promessas que envolvem uma piora das contas públicas do País. Durante o primeiro turno, Bolsonaro prometeu um adicional de R$ 200 no Auxílio Brasil para beneficiários que conseguissem um emprego, e Lula disse estudar um bônus de R$ 150 no benefício por cada criança de até seis anos nas famílias.

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