BRASÍLIA - O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), defendeu um boicote ao Carrefour e ao Atacadão, após a rede francesa anunciar a suspensão da compra de carne do Mercosul pelas unidades francesas. "Ele tem direito de comprar de quem ele quer para mandar produto lá para a França, mas nós brasileiros também temos o direito de comprar de quem quisermos. Então, se o Brasil não serve para vender carne para eles, então eles não servem para vender produtos franceses e essa empresa não deveria ser bem vista aqui no nosso País", disse Mendes, em vídeo publicado nas suas redes sociais.
"Quero dizer ao diretor geral do Carrefour e do Atacadão, que eu, como cidadão, não vou comprar mais das lojas deles, e acho que aqueles que são do agro e até a população brasileira, para honrar o nosso País, deveriam pensar em dar a eles o mesmo tratamento que estão dando ao nosso País", defendeu o governador.
O boicote sugerido por Mendes é uma resposta à declaração do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, na última quarta-feira, 20. Ele afirmou que a varejista se compromete a não vender carnes do Mercosul, independentemente dos "preços e quantidades de carne" que esses países possam oferecer. A carta assinada por Bompard foi endereçada ao presidente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas (FNSEA), Arnaud Rousseau, e, segundo ele, a decisão foi tomada após ouvir o "desânimo e a raiva" dos agricultores franceses, que protestam contra a proposta de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul.
Em nota divulgada nesta quinta-feira, 21, o Carrefour afirmou que o veto à venda de carnes do Mercosul só vale para supermercados da rede na França. O Carrefour Brasil informou que "nada muda nas operações do País".
Mendes classificou a medida como um artifício protecionista para os produtores franceses. "O diretor mundial do Carrefour, que no Brasil é dono também do Atacadão, tomou a decisão de não comprar mais carne brasileira, nem de outros países aqui da América do Sul. Ele fez esse comunicado em resposta aos produtores franceses que, mais uma vez, protestam contra o acordo que pode ser assinado entre o Mercosul e a União Europeia. Como esses produtores franceses não conseguem competir com o agronegócio brasileiro, eles ficam criando esses artifícios e o Carrefour e o Atacadão embarcaram nessa onda", avaliou o governador.