Em um cenário econômico onde o acesso ao crédito se torna cada vez mais presente na vida das pessoas, é preciso organização e educação financeira para não contrair dívidas que podem virar uma bola de neve no futuro devido aos altos juros envolvidos. Nesses casos, o cartão de crédito pode ser o herói ou o vilão, tudo depende de como e quando é utilizado.
Os brasileiros estão acostumados a comprar serviços e produtos de forma parcelada no cartão. Isso torna o poder de compra maior e, por consequência, faz a economia girar. Apesar disso, é comum que as pessoas utilizem o limite como uma extensão de seus salários, ultrapassando o valor total que conseguem pagar em um mês. É aí que o problema pode começar.
Uma armadilha financeira
O crédito rotativo é um mecanismo oferecido pelos cartões de crédito que permite aos usuários pagar uma quantia mínima da fatura a cada mês. Ou seja, caso a pessoa não consiga pagar o total, poderá pagar o mínimo, porém, com incidência de juros. Atualmente, no Brasil, essas taxas médias giram em torno de 470% ao ano, podendo chegar a exorbitantes 700% em alguns casos. É importante destacar que essa situação levou a discussões no Congresso Nacional, visando impor limitações legais aos juros do crédito rotativo.
“No momento, está em discussão uma proposta para limitar esses juros a, no máximo, o dobro da contratação, ou seja, até 100% do encargo sobre o saldo devedor. No entanto, essa proposta ainda está em fase inicial de análise e não há uma conclusão definitiva. Portanto, os consumidores devem estar cientes dos altos encargos envolvidos no crédito rotativo e considerar alternativas mais vantajosas”, explica Luiz Marchiori, Head de Negócios na QuiteJá, empresa de renegociação de dívidas.
A sedução do aumento do limite
Outro aspecto preocupante é o aumento automático do limite de crédito dos cartões. Muitas pessoas se deparam com a oferta de limites iniciais de 2 ou até 5 mil reais. À medida que utilizam o cartão e o banco avalia seu perfil de compra, os limites são frequentemente aumentados, muitas vezes, sem aviso prévio ou autorização do titular do cartão.
Esse aumento pode parecer uma comodidade, mas pode levar à contração de dívidas ainda maiores. Em muitos casos, o limite total do cartão pode ser maior do que a renda mensal dessas pessoas.
Quando a fatura chega e não há capacidade financeira para pagá-la integralmente, os altos juros do crédito rotativo entram em ação, tornando a situação financeira ainda mais complicada.
As consequências da inadimplência
Para aqueles que não conseguem pagar suas faturas em dia, as consequências da inadimplência no crédito rotativo são severas. Os bancos alegam que, devido à lentidão do sistema judiciário e à natureza eletrônica dos contratos de cartão de crédito, a cobrança dessas dívidas é um processo demorado.
Isso resulta em juros remuneratórios elevados, aumentando ainda mais o valor do saldo devedor. A inadimplência pode levar à negativação do devedor e à adoção de medidas judiciais.
Alternativas e cuidados
Diante desse cenário, torna-se crucial que os consumidores estejam cientes das alternativas disponíveis e tomem decisões financeiras responsáveis. A melhor abordagem é evitar o crédito rotativo do cartão de crédito sempre que possível, pagando a fatura integralmente a cada mês.
"Quando a situação financeira se torna desafiadora, é importante que as pessoas se programem e saibam que existem muitas opções de crédito mais baratas do que o rotativo, seja na mesma instituição financeira ou noutra, com juros menores, como por exemplo o crédito pessoal. Essa abordagem pode ajudar a pagar a dívida existente e evitar os elevados juros do rotativo. A educação financeira e o planejamento são fundamentais para manter as finanças saudáveis e evitar que as dívidas possam se tornar um fardo insustentável", esclarece Marchiori.
Além disso, é importante que os consumidores fiquem atentos às mudanças nas regulamentações relacionadas ao crédito rotativo, pois novas medidas podem ser adotadas para proteger os interesses dos consumidores.
E se já estou inadimplente?
Quando a situação de inadimplência já está configurada e a vida financeira está complicada, sem possibilidade de pagar a dívida com todos os encargos, muitos brasileiros acabam esperando que seu momento financeiro melhore para regularizar tudo.
Isso não é a melhor solução, porque as dívidas, sobretudo no crédito rotativo, aumentam substancialmente ao longo dos meses. O ideal é renegociar, procurando o credor ou estando receptivo às empresas de renegociação que ofertam essas propostas.
"Os bancos geralmente possuem condições de renegociação vantajosas, com desconto, opções de parcelamento e juros bem menores do que a média, permitindo que o consumidor possa pagar o que deve", finaliza Luiz Fernando.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.