Na manhã desta quinta-feira (16) a Polícia Federal cumpriu oito mandados de busca e apreensão nos escritórios da empresa de criptoativos Braiscompany, nas cidades de Campina Grande, João Pessoa e São Paulo, como parte da operação Halving. A empresa é investigada por crimes contra o sistema financeiro.
A Braiscompany prometia rendimentos mensais de 8%, o que é um retorno muito alto, mas passou a ser suspeita de fraude depois de atrasos nos pagamentos aos investidores no último mês de dezembro. Também há um mandado de prisão temporária dos fundadores, que não foram encontrados.
De influenciador a foragido da polícia
Fundada por Antonio Neto Ais e Patricia Ais, a Braiscompany teria movimentado aproximadamente R$ 1,5 bilhão em criptoativos nos últimos quatro anos, de acordo com a Polícia Federal.
No Instagram pessoal, Antonio Ais tem mais de 800 mil seguidores e ostenta festas, viagens e fotos com famosos como os jogadores. Apesar de a página permanecer ativa, o paradeiro de Ais é desconhecido.
Nesta manhã, após o início da operação da PF, Antonio Ais encaminhou áudio para tranquilizar os funcionários dizendo que está colaborando com as investigações, o que foi desmentido pela polícia. O CEO da empresa "não apresentou qualquer documento nem foi ouvido pela PF em momento algum sobre o investigado nesta operação", informou a comunicação da Polícia Federal da Paraíba.
Como funcionava o esquema da Braiscompany
De acordo com especialistas do mercado financeiro, a Braiscompany era na verdade um esquema de pirâmide. A empresa alegava que o dinheiro dos investidores seria transformado em ativos digitais, que seriam depois alugados pela empresa. Mas em dezembro a empresa teria parado de pagar os valores referentes aos aluguéis.
Por exemplo, de acordo com o jornal A União, da Paraíba, Cláudio Maurício de Oliveira, investidor da empresa, entrou na Justiça em janeiro pedindo a devolução do dinheiro aplicado. O empresário alegou ter investido mais de R$ 2 milhões em cinco contratos de aluguel de ativos, e que ainda entregou aos seus representantes da Braiscompany, mais um jet-ski para que fosse transformado em investimento.
Os crimes investigados pela PF são os previstos nos artigos 7º e 16º da Lei nº 7492/86, que são crimes contra o sistema financeiro. Os artigos preveem penas de reclusão de até oito anos.
Na avaliação do sócio da TC e COO da Economatica, Felipe Pontes, a empresa tentava fugir desse enquadramento se vendendo como uma gestora de recursos: “Eles podem ser acusados de induzir pessoas ao erro, por exemplo, com as garantias de retornos e com os números da contabilidade que estavam cheios de inconsistências. Além disso, eles ofertavam investimentos de forma à margem do que a Lei exige”, afirmou o especialista.