As alexandritas usadas como garantia dos investimentos que causaram prejuízo milionário a Gustavo Scarpa e a outros jogadores estão guardadas em um cofre com segurança reforçada. O Fantástico teve acesso ao local com exclusividade e compartilhou sobre os bastidores.
As pedras preciosas, que estão entre as mais caras do mundo, ficam em uma sala de cofres em São Paulo. Para entrar no local, a pessoa passa por um processo de segurança onde a palma da sua mão, as digitais dos dedos e seu rosto são analisadas.
A gaveta que guarda as jóias tem duas fechaduras, ficando uma das chaves sob responsabilidade da empresa de segurança e a outra com a Xland Holding Ltda, empresa investigada pelo golpe. Mesmo se obrigada pela Justiça, a empresa de segurança apenas conseguiria abrir o cofre com a chave da Xland ou, então, violando o compartimento.
De acordo com nota fiscal obtida pelo Fantástico, a empresa comprou o lote de alexandritas de uma empresa em Campo Formoso, na Bahia, por R$ 6 mil. Porém, a Xland, que administrava as aplicações, afirma que as pedras valem mais de R$ 2 bilhões e que há laudo técnico que comprova a avaliação.
Relembre o caso
Scarpa alega ter sofrido um golpe de R$ 6,3 mi da Xland, pois entrou em um investimento de criptomoedas que tinha retorno previsto em de 3,5% a 5% ao mês. Segundo ele, a empresa foi indicada por Willian Bigode.
Scarpa chegou a conseguir o bloqueio de R$ 1,8 milhão das contas de Bigode, mas o atacante do Flu conseguiu reverter a decisão judicial na última sexta-feira, 10, alegando que não há provas.
No último dia 13, Willian Bigode foi às redes sociais e se pronunciou sobre a polêmica. "Estou relutando para gravar esse vídeo, mas estou aqui para pontuar e deixar claro algumas coisas. A WLJC é uma empresa de gestão financeira, não é empresa de investimentos, não é corretora. Não sou dono e nem sócio da Xland, muito menos golpista. Até porque não peguei dinheiro de ninguém", começou ele.
"Eu sou vítima, porque até hoje não recebi meu recurso. E o mais doloroso, constrangedor e triste é ver e ouvir mentiras e calúnias, mas minha equipe de advogados já está tomando todas as medidas cabíveis", completou o atacante do Fluminense.
Além de Scarpa, o lateral Mayke também teria sido lesado em mais de R$ 4 milhões. Segundo eles, o negócio foi apresentado por Willian, que montou uma consultora financeira, a WLJC Consultoria e Gestão Empresarial.
As duas empresas envolvidas no suposto golpe aos jogadores Scarpa e Mayke não têm autorização nos sistemas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), da Associação de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e do Banco Central para investir em criptomoedas.
Troca de mensagens entre Scarpa e Willian
Uma reportagem exibida no domingo pelo Fantástico trouxe detalhes sobre o caso. O programa mostrou uma troca de mensagens entre Scarpa e Bigode. Em áudio, o ex-jogador do Palmeiras pede ajuda ao amigo para resolver a situação e recebe como resposta do atacante que a "questão agora é orar".
"Estou triste, parça, de verdade. Estou triste porque é meu patrimônio. É meu patrimônio quase todo. Eu não posso correr esse risco de perder", diz Scarpa para Bigode.
"Scarpinha, agora não tem nem mais questão de confiança, irmão. Questão que agora é orar. Fazer o que eu sei. Agora é esperar no Senhor", afirma Willian.
Na sequência do diálogo, Scarpa conta para Bigode que vai registrar um boletim de ocorrência e precisará citar a empresa de Willian. Em novembro de 2022, ele registrou o caso na polícia.
"Bigode, o meu advogado está me orientando a fazer um B.O., mano. Criminal. Na polícia mesmo (...) Pelo respeito, amizade, consideração e amor que eu tenho por você, queria te dar um toque antes. Infelizmente, vou ter que falar da sua empresa", fala o meia.
Em entrevista exibida na reportagem, o advogado de Scarpa, Carlos Henrique de Oliveira Pereira, revelou que o jogador está "muito decepcionado, inconformado e bem chateado" com o ex-companheiro. Na manhã desta segunda-feira, o meia ironizou a resposta de Willian ao seu desabafo ao publicar uma selfie com a legenda "estou precisando orar mais realmente".
Empresa acusada se diz vítima
Gabriel de Souza Nascimento, um dos donos da Xland Holding Ltda, afirmou pela primeira vez em entrevista ao Fantástico também ser vítima do sumiço do dinheiro e deu sua versão da história.
Na conversa com a reportagem, Gabriel coloca a Xland como uma das vítimas do caso e explica que a perda do dinheiro investido pelos jogadores do Palmeiras, que totaliza R$ 10,8 milhões, se deu pelo fato de todas as operações da companhia serem realizadas através da FTX, empresa que faliu em novembro de 2022.
Por causa da falência, ainda de acordo com Gabriel, a Xland está se preparando para se reunir com as empresas que buscam ressarcimento por conta da perda que tiveram. De acordo com ele, o valor de perda supera os R$ 80 milhões.
Questionado pela reportagem se haveria algum documento ou outro tipo de prova que confirmasse as operações da Xland na FTX, Gabriel de Souza Nascimento deixou claro que "sim", mas não apresentou nada em nenhum momento por enquanto.