As bolsas de valores e o banco central da China correram para defender o iuan e os mercados de ações nesta segunda-feira, tentando acalmar os investidores preocupados com o retorno de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos e com a capacidade de Pequim de reanimar a economia.
A duas semanas de Trump iniciar sua segunda presidência, suas ameaças de impor grandes tarifas sobre as importações chinesas abalaram o iuan, reduziram os rendimentos dos títulos do continente e fizeram com que as ações tivessem um início difícil em 2025.
Nesta segunda-feira, o iuan, rigidamente controlado, enfraqueceu para o valor mais baixo em 16 meses, enquanto o índice de ações CSI300 atingiu seu ponto mais fraco desde o final de setembro, caindo até 0,9% no dia antes de fechar em queda de 0,2%. O índice recuou 5% na semana passada, registrando sua maior perda semanal em mais de dois anos.
As bolsas de valores da China pediram aos grandes fundos mútuos que restringissem suas vendas de ações no início do ano, disseram três fontes familiarizadas com o assunto à Reuters, ressaltando o clima de nervosismo no mercado.
Pelo menos quatro grandes fundos mútuos receberam telefonemas das bolsas de valores de Xangai e Shenzhen em 31 de dezembro, 2 e 3 de janeiro, pedindo-lhes que garantissem que comprariam mais ações do que venderiam a cada dia, disseram as fontes.
As bolsas de valores de Xangai e Shenzhen reuniram-se recentemente com instituições estrangeiras, informaram as duas bolsas no domingo, garantindo aos investidores que continuariam a abrir os mercados de capitais da China.
O Banco do Povo da China poderia emitir mais notas de iuan em Hong Kong em janeiro, informou a agência de notícias estatal Yicai nesta segunda-feira, em um sinal de que as autoridades querem absorver a moeda para diminuir a especulação. O Financial News, uma publicação do banco central, disse que o este tem as ferramentas e a experiência para reagir à depreciação do iuan.
"Evitar um declínio acentuado do iuan será crucial para a recuperação da China", disse Charu Chanana, estrategista-chefe de investimentos do Saxo. "Qualquer recuperação tática neste ano precisará de mais do que apenas medidas de estímulo, especialmente se a China conseguir negociar um acordo com o presidente eleito Trump."
A segunda maior economia do mundo tem enfrentado dificuldades nos últimos anos, uma vez que a retração no mercado imobiliário e a desaceleração da renda minaram a demanda dos consumidores e prejudicaram as empresas. As exportações foram um dos poucos pontos positivos, mas poderiam enfrentar pesadas tarifas dos EUA em um segundo governo Trump.