Oferecimento

CNM: Municípios poupariam até 70% da Previdência com reforma

Confederação vai entregar cálculos ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e ao relator da proposta na Casa, Tasso Jereissati

22 ago 2019 - 09h56
(atualizado às 10h56)

BRASÍLIA - Municípios poderão economizar até 70% do que pagam hoje para suas Previdências caso sejam incluídos na reforma, aponta estudo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) obtido pelo Estadão/Broadcast.

As contas serão apresentadas ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e ao relator da proposta, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), em reunião nesta quinta-feira, 22, como parte da estratégia de convencimento dos parlamentares sobre a necessidade de incluir os governos regionais nas novas regras de aposentadoria e pensão no País.

Publicidade

Apesar de estarem em situação fiscal mais delicada, Estados e municípios foram excluídos do alcance da reforma durante a tramitação na Câmara dos Deputados. Os congressistas argumentaram que não deveriam assumir o ônus político no lugar de governadores, sobretudo do Nordeste, que nos bastidores apoiavam a medida, mas publicamente a criticavam.

Agora, o Senado articula uma proposta "paralela" para reincluir os governos regionais sem atrasar o cronograma do texto principal - que teria de voltar à Câmara caso fosse alterado.

No estudo que será usado para tentar convencer os parlamentares, a CNM mostra que muitos municípios com regime próprio de Previdência estão tendo de arcar com alíquotas extras salgadas para fechar a conta das aposentadorias. A fatura adicional, que recai apenas sobre as prefeituras, existe porque essas cidades já têm um regime de capitalização implementado (as contribuições arcam os benefícios e quando há desequilíbrio o patrocinador é chamado a cobrir o rombo), como mostrou o Estadão/Broadcast

Com a reforma, o gasto extra ficaria menor. Em municípios com equilíbrio nas Previdências, as alíquotas cobradas tanto das prefeituras quanto dos servidores poderiam até cair.

Publicidade
Salários nas empresas superam a média dos servidores do Executivo federal
Salários nas empresas superam a média dos servidores do Executivo federal
Foto: Marcos Santos/USP Imagens / Usp Imagens

Em Santa Maria (RS), o governo municipal paga uma alíquota regular de 18% sobre a folha de pagamento e repassa outros 29,71% para equilibrar o rombo no regime de Previdência. Sem mudanças nas regras, a fatura vai crescer mais porque a alíquota extra sobe ano a ano. Em 2029, ela alcançará 111,08% - mais que dobrando o custo da folha do município.

Nas contas da CNM, o gasto que Santa Maria tem com a contribuição previdenciária dos servidores, de R$ 245,8 milhões anuais, poderia cair a R$ 187,5 milhões com a inclusão dos municípios na reforma da Previdência. A redução seria de 23,7%, porcentual até tímido perto da economia que outras prefeituras podem registrar, caso o Congresso Nacional resolva contemplá-las na proposta.

Em Joinville (SC), que tem regime previdenciário equilibrado, o custo teria redução de 69,9%, passando de R$ 248,9 milhões para R$ 74,9 milhões ao ano, de acordo com a confederação. Em Dourados (MS), a economia seria de 50,1% - o gasto cairia de R$ 155,5 milhões para R$ 77,6 milhões.

O presidente da CNM, Glademir Aroldi, tem feito uma peregrinação pelos gabinetes dos senadores em Brasília em busca de apoio à reincorporação de Estados e municípios na proposta. "Os recursos economizados ficarão no caixa dos municípios, no orçamento, para serem aplicados na população", argumenta.

Publicidade

Uma possibilidade seria prever essa reinclusão em artigos independentes - um para Estados, outro para prefeituras. A avaliação é de que existe hoje maior apoio à extensão da reforma aos municípios e que a aprovação dessa medida abriria caminho para alcançar também os Estados. Aroldi reconheceu, porém, que há no Congresso uma expectativa por maior mobilização dos governadores.

Crítica

O estudo da CNM também pretende reverter uma mudança promovida pela reforma da Previdência: a proibição à criação de novos regimes próprios. Para o presidente da confederação, a medida fere a autonomia dos municípios.

Cerca de 3,5 mil prefeituras recolhem contribuições previdenciárias ao INSS, como empregadores do setor privado, e pagam alíquota de 20% sobre a folha. O porcentual é maior que a contribuição geralmente paga pelos municípios que têm regime próprio de Previdência.

Nas contas da CNM, caso todas as prefeituras migrassem para o regime próprio (possibilidade que acabaria com a reforma), haveria uma economia de R$ 11,2 bilhões ao ano com a proposta. A entidade tenta convencer o relator a alterar a proposta para desfazer a proibição.

Publicidade

"Quem tem que decidir é o município. É verdade que tem um passivo muito alto nos municípios que migraram nos anos 1980, porque a fiscalização não era adequada. Mas hoje não, houve qualificação nessa fiscalização. Não temos tido problema nos últimos anos", disse Aroldi.

Veja também

As gêmeas siamesas que não param de surpreender os médicos
Video Player
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações