Hoje, quero abordar um tema que é crucial para a saúde financeira de muitos brasileiros, mas que raramente é discutido com a profundidade que merece: o empréstimo consignado. Este não é um post repleto de dicas para aproveitar ao máximo esse tipo de crédito, mas sim um alerta sobre os riscos que ele envolve e por que ele deve ser encarado com muita cautela, principalmente por aqueles que buscam uma saída rápida para suas dificuldades financeiras.
Para quem não está familiarizado com o termo, o empréstimo consignado é uma operação financeira na qual você utiliza o seu salário como garantia. Ele oferece juros mais baixos em comparação com o cartão de crédito e o cheque especial, e as parcelas são descontadas diretamente da sua conta quando seu salário entra, com o limite de até 30% do seu salário.
Ano passado, o governo autorizou o empréstimo consignado para os beneficiários do Auxílio Brasil, uma medida que levantou preocupações. Os juros, neste caso, foram maiores do que o dobro daqueles aplicados em outras categorias, o que torna essa operação financeira ainda mais arriscada para uma parcela da população que já vive abaixo da linha da pobreza.
O que mais assustou é que, em apenas uma semana após essa autorização, mais de 700 mil beneficiários do Auxílio Brasil solicitaram empréstimos com juros alarmantes de 50% ao ano, o dobro do que é cobrado dos servidores públicos. No início deste ano, quando o Auxílio retornou ao valor de R$ 400, alguns cidadãos pareciam acreditar que seria o governo a arcar com o pagamento das parcelas deles. Infelizmente, essa não foi a realidade.
Dados do Banco Central revelam que essa modalidade de crédito cresceu 562% nos últimos 12 anos entre aposentados e pensionistas do INSS. Essas pessoas frequentemente se veem presas ao empréstimo por longos 5 anos e 6 meses, enquanto os funcionários públicos podem levar até 8 anos para quitar suas dívidas. Embora os juros sejam mais baixos, muitos se veem incapazes de honrar seus compromissos e, assim, acabam rolando suas dívidas, o que só agrava a situação financeira.
Fuja das armadilhas
Para combater as fraudes no empréstimo consignado, o Banco Central implementou algumas regras, como a proibição da oferta ativa desses produtos nos primeiros 6 meses de aposentadoria e a exigência de mais documentos para concretizar a operação. No entanto, essas medidas ainda parecem insuficientes diante dos desafios reais enfrentados pelos tomadores de empréstimos.
Os números não mentem: o endividamento das famílias brasileiras atingiu o maior nível desde 2010, alcançando 79,3% em setembro, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Alarmantemente, 30% dos lares brasileiros atrasam o pagamento de contas de consumo, como luz e água.
Entendo que, em certas situações, um empréstimo pode ser uma solução necessária, mas essa decisão deve ser tomada com extrema cautela, considerando todas as condições. Muitas vezes, um empréstimo pessoal pode ser mais vantajoso e seguro do que o consignado, especialmente quando você precisa de flexibilidade financeira para enfrentar imprevistos.
A pergunta que fica é: você já caiu na armadilha do empréstimo consignado? É hora de repensar nossa abordagem financeira e buscar alternativas mais saudáveis para manter nosso equilíbrio financeiro e evitar as armadilhas que o mercado financeiro pode nos oferecer.