Vivemos em uma sociedade onde uma parcela da população começa a partir de um chão firme, com heranças e expectativas de patrimônio para os seus descendentes. E a outra parcela, além de não ser herdeiro, não sabe como construir esse patrimônio.
Isso faz com que a vida financeira da maior parte dos brasileiros funcione como um enxugar de gelo. Para transformar essa realidade, a educação financeira é uma ferramenta fundamental, mas como somos muitos e com realidades financeiras bem diferentes, antes de te guiar nessa jornada, eu vou começar compartilhando com você a minha história que é o meu maior exemplo de emancipação.
Eu sou Amanda Dias, jornalista, influenciadora e consultora financeira à frente da Grana Preta, um programa de emancipação financeira que oferece soluções voltadas para pessoas de baixa renda. Fui convidada pelo Terra para compor o time de colunistas e te ajudar a mudar os rumos da sua vida financeira de forma prática e acessível.
Eu cresci em uma família com um quê empreendedor: a minha avó dona Juliana, trabalhou como empregada doméstica desde os 9 anos de idade e nunca pôde estudar, mas sempre valorizou muito os estudos e enxergava nisso a chance que os seus filhos teriam de melhorar as condições de vida.
Minha avó casou, teve 13 filhos e um deles é o meu pai, que desde os 7 anos já saía com o seu carrinho de mão, para vender de porta em porta os mariscos que a minha avó conseguia. Mesmo com tudo jogando contra, a minha avó NUNCA deixou nenhum dos seus filhos faltar a escola.
Os vizinhos criticavam: Juliana, onde já se viu filho de pobre estudar? Coloca esses meninos pra trabalhar, Juliana! O pior é que eles estavam certos: faltava de tudo! Os cadernos, assim como lápis e até as fardas eram doadas e compartilhadas entre os irmãos.
Meu pai é do tipo que não gosta de contar histórias tristes, talvez por isso eu não consiga lembrar de todos os detalhes da história. Mas eu posso te afirmar com certeza que 3 coisas literalmente SALVARAM a vida da minha família: a Educação, o Empreendedorismo e a Organização financeira. E nessa coluna, eu vou te mostrar como cada um desses pontos pode te ajudar também.
Educação é a base
A minha avó era analfabeta, mas ela tinha um projeto fixo na cabeça dela; ela me confessou certa vez que só pedia uma coisa a Deus: que ele lhe concedesse saúde para ver os seus netos em cima do palco enquanto ela aplaudia de baixo.
Ela tinha a convicção que na 3º geração o “palco” chegaria. E isso fez com que eu, como neta dela e integrante da 1º geração da família Dias que teve o direito à uma infância sem trabalho infantil, enxergasse a educação como ferramenta de ascensão social, mas também como forma de honrar todos os sonhos que meus ancestrais precisaram sacrificar para que eu conseguisse chegar lá.
É óbvio que o acesso à educação é uma ferramenta fundamental, mas ela por si só não resolve a mobilidade social, ainda mais no Brasil, onde é possível uma pessoa com diploma superior estar realizando uma função que não exija nem metade da qualificação. E eu fui uma dessas pessoas: também tive dificuldade de encontrar uma vaga compatível com a minha qualificação, mas é aí que entra a nossa segunda ferramenta: o Empreendedorismo.
Empreendedorismo
Antes de criar a Grana Preta eu estava naquela jornada que muitos recém-formados já viveram e ainda vivem no Brasil. Eu estava há meses sem conseguir trabalho, morando com meus pais e aquilo me gerou uma frustração gigante. Ver que a grande aposta dos meus pais na minha educação e qualificação não tinha gerado o resultado que eles sonharam.
Para descobrir como eu iria quebrar esse ciclo, eu acessei uma outra memória ancestral: o empreendedorismo! Empreender está em nosso DNA, há séculos atrás, aqui mesmo no Brasil, mulheres e homens negros compravam sua liberdade através da venda de produtos ou serviços, como escravos de ganho.
Alguns historiadores afirmam que os escravos de ganho foram os responsáveis pelos primeiros empreendimentos populares do Brasil. E na minha família não foi diferente: o empreendedorismo era complemento de renda, solução para a falta de dinheiro e um excelente aliado para realizar as metas.
E assim eu fiz: decidi empreender e comecei a montar meu plano de voo, comecei a ler sobre empreendedorismo, ouvir podcasts sobre educação empreendedora, comecei a levantar minhas habilidades e colocar as idéias no papel para formatar a minha empresa.
Organização financeira
Vocês devem estar se perguntando agora: "tá, mas como surgiu o interesse nessa área? Será que ela já passou por algum perrengue que fez ela mudar da noite pro dia?"
Eu sei que vocês adoram e já estão acostumados com histórias de superação parecidas com essa: eu comecei do zero, quebrei 3 empresas, me endividei toda e dei a volta por cima e agora eu estou aqui pra ensinar você.
Mas eu vou ter que decepcionar vocês e dizer que não!
O meu interesse pelas finanças não veio pela dor de ter que lidar com dívidas, pelo contrário, ele nasceu do amor pela minha família. Calma que te explico: é claro que eu já passei perrengue, dinheiro nunca sobrou, mas a ausência de grana também me ensinou valores muito importantes para a vida.
Eu via o meu pai sempre acompanhado de um bloquinho de papel fazendo contas, anotando e planejando todos os seus gastos. Já a minha mãe usava as notas fiscais para fazer esse controle, ela anotava os gastos e grampeava as notas junto.
Confesso que crescer com tanto controle financeiro nem sempre foi fácil, quando criança eu desejava comer, vestir e brincar com as mesmas coisas que os meus colegas tinham.
Mas ao crescer, entendi que todo aquele sacrifício tinha um propósito maior. Agora, eram os meus colegas que queriam ter o que eu tinha: uma família estruturada, casa própria para cada um dos filhos, carro, uma casinha na praia...
A organização financeira dos meus pais ampliou a minha linha de largada. Afinal, a casa própria, que é a principal meta da maioria dos jovens adultos, para mim e para meu irmão já não era uma preocupação, porque os meus pais já haviam garantido isso.
Perceba que eu não estou falando de um patrimônio de milhões acumulado e sim de uma família que há apenas 50 anos atrás vivia a escassez da falta de coisas básicas como o alimento, mas que hoje comemora uma série de pequenas grandes conquistas.
E foi justamente pela vontade de compartilhar o poder transformador da organização com o mundo que nasceu a Grana Preta e foi o trabalho que desenvolvemos que me trouxe até aqui.
O que te trouxe até aqui?
Agora que eu abri meu coração e a minha história para você, eu te convido a abrir também o seu coração e refletir sobre o que te fez chegar até aqui? O que te levou a buscar educação financeira?
Em uma escala de 0 a 10, qual o seu grau de satisfação com a sua vida financeira hoje? Hoje você vive abaixo, dentro ou acima da sua renda? Você tem algum dinheiro guardado? Já consegue investir?
O meu objetivo aqui é compartilhar com você todas as estratégias financeiras que me permitiram estar aqui hoje. Você irá aprender de forma estruturada e didática todo o passo a passo para sair do zero e rumo à sua emancipação financeira.
Talvez você tenha dívidas para resolver, ou o sonho de começar a investir no seu futuro, quem sabe abrir uma empresa, trabalhar para você mesmo, ganhar mais dinheiro, ou realizar o sonho da sua casa própria. Mas você sabe que tudo isso só será possível quando você encarar o desafio de mudar a forma que você cuida do seu dinheiro.
Mas fique tranquilo que o Dinheiro em Dia está aqui para isso, ative as notificações e assine a nossa newsletter para não perder nenhuma novidade. Siga @terradinheiros nas redes sociais e acompanhe a minha coluna que eu tô chegando para pegar na sua mão e te guiar rumo à emancipação financeira.