O empreendedorismo não é romântico, mas pode ser mais humano

Empreender é difícil, mas a carga horária exaustiva, a falta de tempo e liberdade dos empregos formais também não são nada fáceis

1 ago 2023 - 06h00
Por que não dá para romantizar o empreendedorismo?
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“Vocês romantizam o empreendedorismo”. Vejo essa frase o tempo todo e até entendo o que as pessoas querem dizer com ela, mas essa discussão é bem mais profunda do que parece e eu vou acrescentar mais um ponto a ela. 

Do lugar de mulher negra e empreendedora, sei que isso aqui não é romance. Não na maior parte do tempo. Menos ainda se a gente cai na conversa dos gurus do marketing digital e startapeiros.

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É por isso que eu não pinto de rosa o desemprego que obriga muitas de nós a empreender, as jornadas exaustivas de trabalho, a falta de seguridade social, etc. Mas dá para tocar um negócio de forma saudável e abundante para a nossa história.

Já fui uma empreendedora que mistura vida pessoal e profissional, topa um volume de trabalho tóxico e aceita qualquer projeto. Para quem teve poucas oportunidades, dizer não parece um crime. Me vi como uma funcionária sem direitos, e não uma empresária. Foi uma fase, e luto todos os dias para ela ficar no passado.

Tenho o privilégio de ter acesso à informação e de ter uma empresa que passou por processo de incubação, aceleração, mentoria e que hoje entende que a Amanda da Grana Preta não vai existir sem a Amanda Dias, a pessoa que é filha, esposa, irmã e não só profissional. Não é à toa que meu conceito de prosperidade está no topo do meu perfil e guia o meu propósito como educadora: PROSPERIDADE É VIVER BEM.

O empreendedorismo não é romântico, mas pode ser mais humano
O empreendedorismo não é romântico, mas pode ser mais humano
Foto: iStock

Trabalhar pelo meu sonho ou para crescer o patrimônio do outro?

Com isso, eu preciso dizer que já tive vários empregos, mas nenhum me deu tantas possibilidades para cuidar de mim quanto ter a minha própria empresa. Só agora posso ir ao médico no dia que quero, tirar uma tarde da semana (às vezes) para passar com minha mãe, regular meu ritmo de trabalho com minhas obrigações religiosas, porque sou dona do meu negócio.

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O preço disso é gerenciar toda uma estrutura financeira, ser responsável pela remuneração de outras pessoas, pensar o futuro da minha empresa, e mais um monte de coisas. Aparentemente, uma vida pesada e insegura.

Qual a sua prioridade: segurança ou bem viver? 

Agora, me responda: quem tá seguro hoje em dia?

O funcionário atropelado pela jornada de 44h semanais, que não tem tempo para viver e pode ser demitido a qualquer momento? A PJ fixa que não passa de uma empregada sem benefícios? Talvez, o funcionário público concursado? Mas será que ainda vai ter concurso?

Resumindo, eu não romantizo o empreendedorismo, mas o humanizo. E faço isso porque ser empreendedora aumenta minhas chances de me tratar como gente no atual mundo do trabalho. 

Fonte: Amanda Dias
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