O encarecimento da energia elétrica foi um dos responsáveis por 2/3 da inflação oficial brasileira em março último. Isso porque a energia elétrica subiu 2,23%, o que significa uma contribuição de 0,09 ponto porcentual, no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), conforme dados do IBGE.
Entre os estados e cidades brasileiras, que tiveram alta no preço da energia, estão: Porto Alegre (avanço de 9,79%, devido a alterações no cálculo do ICMS), Belo Horizonte, Curitiba, Vitória e Rio de Janeiro (onde houve reajustes de 7,49% e 6% nas duas concessionárias).
Diante do alto preço desse serviço básico, que impacta diretamente o orçamento das famílias brasileiras e de pequenas indústrias e comércios, a educadora financeira Aline Soaper avisa que é possível aplicar estratégias simples para ajudar na economia e até na redução dos gastos com energia elétrica.
“Antes de colocar qualquer método de economia em prática, o consumidor precisa estipular uma meta de redução com a sua família ou equipe para o próximo mês. Comece com 10%, engaje todos de casa e do trabalho a ajudar nessa tarefa, crie uma competição com recompensa para quem economizar mais. Desligar da tomada todos os aparelhos que não estão sendo utilizados, como carregadores de celular, é muito importante. É um mito achar que eles não estão consumindo energia só porque não estão sendo utilizados naquele momento. Outro eletrodoméstico que consome muita energia elétrica é a geladeira, então evite deixá-la perto do fogão ou da janela que bata sol direto, porque será necessário exigir mais energia para mantê-la gelada”, sugere Aline Soaper.
Chuveiro elétrico é o grande vilão da conta de luz
De acordo com Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), o chuveiro elétrico pode representar até 43% do consumo de energia de uma residência. Para se ter uma ideia, informações de uma série sobre energia, produzida pela Universidade de São Paulo (USP), apontam que considerando uma família de quatro pessoas, que tomam banhos de 15 minutos ao dia, o valor gasto em um mês com chuveiro elétrico, seria de R$ 100.
“Agora em abril temos oscilações de temperatura em vários estados brasileiros. E com isso, em alguns períodos em que o tempo fica um pouco mais frio, as pessoas logo ligam o chuveiro no modo inverno. Segundo especialistas em consumo de energia, deixar o chuveiro no modo verão, em vez de no modo inverno, pode contribuir para uma redução de 30% na conta de luz das famílias. Outra dica que eu sempre recomendo é evitar banhos longos”, explica Soaper.
Atraso no pagamento da conta virou um pesadelo
De acordo com um levantamento divulgado em agosto de 2022, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 34% das famílias brasileiras informaram que já atrasaram contas de luz ou água.
As dívidas com energia foram um problema tão grande, que no final do ano passado a Enel lançou hoje uma campanha de negociação de dívidas, para os Estados de Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará e Goiás. Os descontos chegavam até 30% e as dívidas ainda podiam ser parceladas em 21 vezes.
Outro levantamento, em 2022, feito pelo Serasa, mostrou que a falta de pagamento de contas de água e de luz bateram um recorde nos últimos quatro anos. O percentual de falta de pagamento chegou a 23,2%, o que representou mais de 37 milhões de faturas atrasadas.
Com as contas básicas em atraso, os consumidores precisaram até mesmo recorrer a empréstimos para sanar as dívidas. Foi o caso de Aline Leite, moradora de São Paulo, que começou a atrasar as contas de energia elétrica e precisou contrair um empréstimo para pagar os atrasos.
“Estava com várias contas de energia em atraso. Fiz o parcelamento, mas acabei não pagando a primeira parcela. Tive a energia cortada, e aí não podia mais fazer parcelamentos. Precisei pegar dinheiro emprestado com outras pessoas para pagar a conta”, revela Leite.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da COMPASSO, agência de conteúdo e conexão.