Chega uma hora em que o poupador pensa em diversificar suas aplicações para fazer seu dinheiro render mais do que na tradicional e segura caderneta de poupança. Um dos caminhos é investir no mercado de ações. Entre as empresas de capital aberto no Brasil, a Petrobras, uma das maiores petroleiras do mundo, salta aos olhos de possíveis novos investidores. Mas é um bom momento para investir na estatal?
As ações estão baratas e a empresa se tornou a maior produtora de petróleo do mundo, ao atingir a marca de 2,209 milhões de barris/dia no terceiro trimestre do ano passado. No entanto, analistas ouvidos pelo Terra dizem que o momento pede cautela com os ativos da companhia.
Embora a petroleira não venha apresentando problemas de produção, os recentes escândalos de corrupção, o adiamento da publicação do balanço do terceiro trimestre e a queda dos preços do petróleo em todo o mundo têm prejudicado o desempenho da Petrobras na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa).
A incerteza quanto ao rombo no caixa ocasionado pelos desvios investigados pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, faz com que analistas não recomendem a aquisição dos ativos. “Para quem está fora e quer entrar, acho que o momento é mais de cautela. Tem que observar o quão profundo vai a investigação da PF sobre o tamanho do rombo e a publicação do balanço da empresa”, diz Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.
O balanço do terceiro trimestre, que deveria ter sido publicado até 14 de novembro do ano passado, ainda não foi divulgado. Isso porque a empresa de auditoria PricewaterhouseCoopers (PwC) se recusou a assinar a revisão do balanço, em função das denúncias de corrupção.
“Se não resolver o problema [do balanço], o caixa termina entre o final de abril e o início de maio. Sem o balanço, a empresa não pode emitir ações, dividendos, entre outras coisas. Não recomendo a exposição ao ativo”, afirma Celson Placido, estrategista-chefe da XP Investimentos.
Dados recentes sobre o desempenho da empresa no mercado acionário são desfavoráveis. Até o dia 15 de outubro de 2014, a Petrobras era a maior empresa brasileira de capital aberto. Dois meses e meio depois, no dia 6 de janeiro, a empresa caiu para a quinta posição, sendo superada por Ambev, Itaú Unibanco, Bradesco e Vale.
Nessa mesma data, as ações ordinárias (com direito a voto) da petroleira fecharam cotadas a R$ 8,06, menor valor desde 2004, enquanto que as preferenciais (com prioridade na distribuição de dividendos) atingiram R$ 8,33, patamar mais baixo desde 2005.
De acordo com dados da consultoria Economatica, o valor de mercado da petroleira no início de setembro do ano passado, quando estourou a Operação Lava Jato, era de R$ 310,9 bilhões. No dia 13 deste mês, o valor de mercado era de R$ 116,1 bilhões, o que representa uma desvalorização de R$ 194,7 bilhões.
Alternativas
Os analistas recomendam que novos investidores busquem outras opções. Neste momento, eles destacam papéis de bancos e empresas de educação. “O setor financeiro sempre tem dinheiro. Mesmo com a alta dos juros, há um forte retorno para os bancos”, afirma Placido. “O setor educacional se destaca por causa do crescimento da procura pelo Fies [programa de Financiamento Estudantil] e do ensino à distância”.
No caso de quem possui ações da petroleira, o melhor a fazer é não se desesperar porque também não é um bom momento para vender os papéis. O mercado acredita que a publicação do balanço – dependendo do que o relatório indicar – e uma retomada nos preços do petróleo, ou até mesmo uma mudança de diretoria, podem fortalecer a estatal.
“Quem possui [papéis da Petrobras] em carteira deve manter, pensando no longo prazo”, diz Figueredo. “Já novos investidores devem lembrar que há vida além da Petrobras.”
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