A Casas Bahia, que entrou em recuperação extrajudicial neste domingo, 28, é atualmente uma empresa de capital pulverizado, apesar de sua longa relação com a família fundadora Klein. A recuperação extrajudicial é uma negociação entre a empresa devedora e seus credores para renegociar dívida, sem depender de uma intervenção da Justiça.
A empresa renegocia dívidas de R$ 4,1 bilhões. O pedido de recuperação já foi pré-acordado com os principais credores, Bradesco e Banco do Brasil, que detêm 54,5% dos débitos.
Atualmente, a família Klein possui cerca de 24% das ações da empresa, mas apenas Raphael Klein, neto do fundador, Samuel Klein (1923-2014), possui assento no conselho de administração.
A rede de varejo, especializada em eletroeletrônicos e móveis, foi criada em 1952, a partir das vendas como mascate do empresário Samuel Klein, nascido na Polônia e que fugiu do extermínio nazista durante a Segunda Guerra, antes de se estabelecer em São Caetano do Sul (SP).
Segundo Michael Klein, em entrevista ao Estadão, a crise tem relação com uma tentativa de crescimento acelerado da empresa durante a pandemia de covid, com investimentos massivos em comércio eletrônico.
"Na época, era melhor se voltar para o comércio eletrônico. Passou a pandemia e a empresa continuou priorizando o online. Mas o cenário mudou, com a entrada de novos competidores, como Amazon, Shopee e Shein", disse. "A nova diretoria resgatou o papel original do varejo, de fazer o crediário físico, presencialmente, via entrevista."
Em entrevista no ano passado, Renato Franklin foi na mesma linha. "Estávamos gastando muito dinheiro para construir muitas coisas. Isso é uma briga insalubre e que queima dinheiro sem parar. Se você vai para o lado, para fora disso, que sempre foi nosso diferencial como Casas Bahia, estamos num oceano azul", disse.