O crédito pessoal, como microcrédito, tem se mostrado uma ferramenta promissora para a inclusão financeira de brasileiros das classes C e D, que historicamente enfrentam dificuldades para acessar serviços bancários tradicionais.
No entanto, essa modalidade de crédito, que oferece empréstimos de valores menores com taxas de juros geralmente mais acessíveis que as do mercado, apresenta desafios que precisam ser superados para garantir que seu impacto seja positivo a longo prazo.
Um dos principais entraves é o alto nível de endividamento das famílias brasileiras, ainda que o percentual tenha caído no último mês. A proporção de famílias com contas a vencer recuou de 77,0% em novembro para 76,7% em janeiro, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Esse cenário impacta diretamente a qualidade de vida e o poder de compra da população, que muitas vezes recorre ao crédito pessoal como forma de complementar a renda ou cobrir despesas emergenciais.
Lígia Lopes, economista e CEO da Teros, destaca que as principais causas que levam os brasileiros a recorrer ao crédito pessoal são a desorganização financeira e o desconhecimento de outras opções de crédito.
"Às vezes, a pessoa acaba pegando crédito sem saber que teria outras opções mais interessantes", afirma. Além disso, a taxa de desemprego, a inflação e o custo elevado de bens essenciais também contribuem para o aumento da demanda por crédito pessoal.
Como escolher o crédito ideal
Nesse contexto, o empréstimo pessoal pode ser uma solução rápida para consumidores das classes C e D, que muitas vezes não têm acesso a outras formas de crédito.
No entanto, é fundamental que esses consumidores estejam atentos aos custos envolvidos e façam um planejamento financeiro adequado antes de contratar um empréstimo.
"O risco de superendividamento também é elevado, pois muitas pessoas recorrem a novos empréstimos para quitar dívidas antigas", adverte Lopes.
Além das taxas de juros, outros fatores importantes devem ser considerados ao escolher uma instituição para obter crédito, como a flexibilidade no pagamento, o atendimento ao cliente e a reputação da instituição.
"Os consumidores devem avaliar a flexibilidade no pagamento, verificando prazos, opções de parcelamento e possíveis carências para o início do pagamento", aconselha a economista.
Isadora Simons, gerente sênior da 99Pay e responsável pelo serviço de empréstimo pessoal da empresa, explica que a plataforma oferece crédito de R$ 500 a R$ 12 mil, com foco em atender às necessidades de um público que muitas vezes encontra dificuldades em acessar serviços financeiros tradicionais.
"Percebemos uma demanda por crédito mais justo e transparente, e o empréstimo pessoal surge como uma solução para quem busca realizar sonhos e organizar as finanças", afirma.
A facilidade de acesso e a rapidez na aprovação são alguns dos atrativos do microcrédito, mas especialistas alertam para a importância da educação financeira.
"É fundamental que os usuários compreendam as condições do empréstimo, as taxas de juros e o impacto das parcelas no orçamento", destaca Simons.
Educação financeira é a chave
Isadora Simons explica que o crédito pessoal, por ter uma taxa de juros mais atrativa em comparação ao cartão de crédito, cuja média gira em torno de 14%, oferece uma alternativa financeira mais acessível, justa e transparente.
“Em comparação com o cartão de crédito, o empréstimo pessoal, como o nosso, que tem taxa de juros média em torno de 8% a 9%, viabiliza muitos sonhos e necessidades reais do dia a dia”, afirma a executiva.
A empresa tem investido em iniciativas de educação financeira, como conteúdos informativos em seu blog e canais de comunicação, além de um processo de análise de crédito criterioso.
"Nosso objetivo é garantir que o crédito seja uma ferramenta de empoderamento, e não de endividamento", ressalta a gerente.
O microcrédito também tem se mostrado um aliado para microempreendedores. "Muitos usuários utilizam o empréstimo pessoal para investir em seus negócios, seja para iniciar um novo empreendimento ou para expandir um já existente", conta.
Apesar dos benefícios, o microcrédito apresenta desafios. A falta de educação financeira pode levar ao uso inadequado do crédito.
"É preciso que o usuário esteja consciente de suas responsabilidades e faça um planejamento financeiro antes de contratar um empréstimo", alerta a especialista.
Para o futuro, a expectativa é que o microcrédito continue a evoluir com o apoio de novas tecnologias e iniciativas de educação financeira. O Open Finance, por exemplo, permitirá que os usuários comparem ofertas de diferentes instituições e escolham a opção mais adequada às suas necessidades.