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Como os mercados repercutiram o ataque iraniano a Israel

16 abr 2024 - 09h57

Economia global não se abalou com o bombardeio. Mercados importantes, como o de petróleo, já haviam precificado uma possível ofensiva de Teerã, enquanto o ouro e as bolsas sofreram apenas leves alterações.Muitos investidores estão prendendo a respiração após o ataque sem precedentes de drones e mísseis do Irã contra Israel ocorrido em 13 de abril. O bombardeio foi o primeiro ataque direto lançado do território iraniano e ocorreu no mesmo dia em que a Guarda Revolucionária do Irã deteve um navio de contêineres ligado a Israel perto do Estreito de Ormuz.

Explosões sobre Tel Aviv durante bombardeio iraniano a Israel
Explosões sobre Tel Aviv durante bombardeio iraniano a Israel
Foto: DW / Deutsche Welle

O ataque iraniano foi amplamente antecipado depois que o Irã culpou Israel pela destruição de parte do complexo da embaixada iraniana em Damasco, na Síria, em 1º de abril.

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Ainda assim, há o temor de uma escalada no conflito entre os dois países, mesmo com a ONU e os Estados Unidos pressionando Israel a demonstrar moderação. A maioria das empresas não gosta de incertezas, e a possibilidade de uma guerra aberta mais ampla deixa a região nervosa.

Preços do petróleo e energia

Se o conflito se alastrar pelo Oriente Médio, o maior risco para a economia global será a resposta dos mercados de energia, especialmente nos preços do petróleo.

"Um aumento nos preços do petróleo complicaria os esforços para trazer a inflação de volta à meta nas economias avançadas, mas só terá um impacto significativo sobre as decisões dos bancos centrais se preços mais altos de energia se infiltrarem no núcleo da inflação", escreveu Neil Shearing, economista-chefe do grupo da consultoria Capital Economics, em uma nota aos clientes.

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Entretanto, os preços do petróleo não se moveram muito desde o ataque. Parece que o mercado já havia levado em conta a atual situação de instabilidade e não se assustou com o ataque iraniano no fim de semana.

Cotas de produção da OPEP+

De fato, os preços do petróleo bruto Brent subiram de 83 dólares por barril há um mês para mais de 90 dólares por barril na semana passada, onde permaneceram, "estimulados, em parte, por preocupações com os suprimentos e os riscos geopolíticos dos conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia", escreveu Shearing.

O economista destacou que outro motivo para a calma no mercado de petróleo é a pressão de alguns membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+) para aumentar as cotas de produção. "Uma expansão na oferta de petróleo obviamente ajudará a limitar qualquer aumento em seu preço", seja devido às crescentes tensões ou a problemas na cadeia de suprimentos, como as perigosas rotas marítimas do Mar Vermelho.

Jorge Leon, vice-presidente sênior da empresa norueguesa de análise do ramo de energia Rystad Energy, concorda. Embora a Opep+ tenha uma tarefa complicada de coordenar e gerenciar o mercado de petróleo, é provável que ela reduza os cortes voluntários de produção em uma reunião em junho, escreveu ele em uma nota na segunda-feira. Isso poderia liberar 6 milhões de barris por dia em capacidade ociosa para limitar as pressões sobre os preços, já que é do interesse do grupo evitar uma crise energética global.

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Se os preços do petróleo aumentarem e permanecerem altos, isso poderia alimentar a inflação global em uma época em que vários países sofrem com a inflação alta de longo prazo.

Isso poderia criar um dilema para os bancos centrais, como foi observado após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, argumentaram os analistas do Deutsche Bank em uma nota aos clientes. "Por um lado, existe o risco de que um choque geopolítico prejudique o crescimento, antecipando o momento dos cortes nas taxas", de acordo com o banco.

Ouro como porto seguro

Quanto às bolsas de valores, quando os mercados abriram na segunda-feira, muitos índices de ações asiáticos, como o Nikkei, estavam em baixa. "Mas isso reflete, em parte, uma recuperação da venda que já havia ocorrido na sexta-feira após o fechamento, quando surgiram manchetes sugerindo que poderia ocorrer um ataque", escreveram os analistas do Deutsche Bank.

Por sua vez, os mercados europeus abriram em alta. De modo geral, os analistas não veem muitas mudanças entre os principais ativos desde sexta-feira, "com os investidores esperançosos de que qualquer escalada será contida".

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Um pequeno sinal de que os investidores estão procurando um investimento mais seguro é a alta do preço do ouro, que subiu 0,51% na segunda-feira, para pouco mais de 2.356 dólares (cerca de R$ 12.200) a onça.

Ainda é cedo, e o conflito pode se ampliar e atingir outros países, levar a mais sanções dos EUA contra o Irã ou danificar ou destruir a infraestrutura de petróleo. Algumas companhias aéreas ocidentais suspenderam temporariamente os voos para a região, enquanto outras redirecionaram rotas para evitar o espaço aéreo do Oriente Médio.

Se o Irã ou os rebeldes houthi continuarem a atacar navios ligados a Israel na importante rota comercial através do Estreito de Ormuz, "existe o risco de falsos alvos e danos colaterais", de acordo com a Ambrey, uma empresa de gerenciamento de riscos marítimos. Esse ou outro ataque aéreo poderia atrair ainda mais os EUA para o conflito, aumentar os custos globais de transporte e causar estragos na economia mundial.

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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