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Como ter sucesso em um negócio familiar? Especialistas dão dicas de gestão

Segundo o IBGE, 90% das empresas brasileiras têm perfil familiar

22 mai 2024 - 05h00
(atualizado às 17h32)
Foto: Reprodução/iStock/AmnajKhetsamtip

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 90% das empresas brasileiras têm um perfil familiar. Porém, isso não significa que todos esses negócios familiares tenham sucesso e longevidade. A gestão eficiente de empresas com essa característica passa pela necessidade de limitação entre o que é pessoal e o que é profissional, segundo especialistas ouvidos pelo Terra.

Para Viviane Ferreira, especialista em planejamento financeiro e gestão financeira familiar, o mais importante é separar a parte financeira da empresa das finanças pessoais. Também deve haver clareza quanto aos papéis que os familiares desempenham no negócio. 

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Por exemplo, os familiares são sócios e trabalham na empresa ou são apenas sócios e não atuam, diretamente, no negócio? Responder essas perguntas ajuda a definir a remuneração desses profissionais e de onde sairá o dinheiro para pagar esses valores.

"As ações da empresa geram dividendos para os sócios. O trabalho na empresa gera salário e remuneração para quem trabalha na empresa. E quem trabalha na empresa deve ter profissionalismo e a responsabilidade de prestar contas para os sócios", esclarece Viviane.

Sua dica é que a família contrate uma estrutura independente para cuidar dos pagamentos de contas e funcionários da família. Assim como, para ela, é importante que os familiares construam seu patrimônio pessoal, independentemente do patrimônio da empresa – e sempre com planejamento financeiro.

Família, família; negócios, à parte

Para que a empresa familiar funcione bem, é necessário a construção de relações saudáveis e isso inclui a separação entre questões pessoais e questões do trabalho. É o que frisa Andrea Maia, advogada e vice-presidente de Mediação do Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem (CBMA). 

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À reportagem, ela listou quatro ações que podem ajudar nessa "separação de águas", em meio à rotina de trabalho. São elas:

  • 1. Estabelecer limites claros

Cada membro da família deve ter um papel bem definido dentro da empresa, com responsabilidades claras. Isso ajuda a evitar sobreposição de funções e conflitos de interesse. Também é importante definir os horários de trabalho para discutir questões empresariais e tentar manter assuntos pessoais fora desses horários.

  • 2. Formalizar processos

É importante formalizar os acordos e contratos, mesmo entre membros da família. Isso ajuda a garantir que todos estejam na mesma página e reduz mal-entendidos. Outra iniciativa é adotar políticas e procedimentos a serem seguidos por todos para operação da empresa, independentemente do relacionamento familiar.

  • 3. Gerenciar conflitos

Contratar mediadores ou conselheiros externos para ajudar a resolver conflitos quando necessário pode evitar desgastes e a escalada de conflitos de forma negativa. Um terceiro imparcial pode ajudar a facilitar a prevenção e resolução de disputas.

Além disso, oferecer treinamento para os membros da família sobre técnicas de resolução de conflitos e comunicação eficaz pode ajudar a manter o ambiente em harmonia. Algumas práticas da mediação, como a escuta ativa, a criatividade nas soluções e a empatia, podem ser chave para uma convivência saudável.

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  • 4. Planejar a sucessão e governança

A ideia é desenvolver um plano de sucessão claro para garantir uma transição suave e evitar conflitos futuros. Ao pensar nesses planos é importante considerar dois pontos: 

Quem vai querer suceder o patriarca ou a matriarca - "Parece óbvio, mas já estive em mais de uma mediação em que o filho me confessou em sessão privada que não queria ser o sucessor do pai, mas não sabia como falar sem gerar frustração ou decepção no genitor", revela Andrea. 

Checar se o possível sucessor carrega os valores da empresa, tem liderança entre os colaboradores e a competência necessária para o cargo - "Havendo possibilidade, sugiro uma estrutura de governança que inclua um conselho consultivo ou de administração, preferencialmente com membros externos, para oferecer orientação e supervisão imparcial para os membros da família", acrescenta.

Empresas grandes já foram pequenas

Ulysses Reis, professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), reforça que o fato de a empresa ser familiar não implica, necessariamente, má gestão. Para ele, o sonho de ter uma empresa tem que ser compartilhado, já que o processo contará com diversos desafios e múltiplos estágios de aprendizado. 

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Independentemente da área de atuação, a organização é fundamental para o sucesso do negócio.

"Quase toda empresa, mesmo que hoje seja muito grande, começou com negócio familiar. A gente tem que lembrar que, em algum momento, essas empresas foram pequenas", afirma.

Nessa toada, assim como em empresas que não são familiares, a primeira coisa a ser esclarecida entre as partes é entender o porquê de a empresa existir. O primeiro passo para o sucesso, então, deve ser a resposta para uma pergunta simples: "Qual o nosso objetivo?".

Fonte: Redação Terra
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