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Comunicado ainda duro do BC sugere ajuste de alta em juros futuros nesta quinta-feira

21 jun 2023 - 20h44

O comunicado ainda duro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central indica que as taxas dos contratos futuros de juros devem passar por ajustes de alta no início da sessão desta quinta-feira, em especial nos trechos curtos da curva a termo, avaliaram profissionais do mercado.

Sede do Banco Central, em Brasília
14/02/2023
REUTERS/Adriano Machado
Sede do Banco Central, em Brasília 14/02/2023 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

No documento em que justificou a manutenção da taxa básica Selic em 13,75% ao ano pelo sétimo encontro consecutivo, o colegiado ainda adotou um tom duro -- ou hawkish, na linguagem do mercado -- em relação ao controle da inflação. A instituição defendeu que é preciso ter "paciência" e vinculou eventual corte da Selic aos dados econômicos.

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Em linhas gerais, o comunicado foi menos duro que o da reunião anterior, de maio, quando o BC ainda citava a possibilidade de novas altas da Selic, mas foi mais duro que o precificado pelo mercado nas últimas semanas, ao não deixar claro que o processo de cortes começará de fato em agosto.

"Amanhã (quinta-feira) nós tendemos a ver sim o mercado um pouco menos otimista, com os juros em alta, com provavelmente a bolsa em queda e uma reprecificação dos ativos com base nessa manutenção da política monetária da forma como foi sinalizado hoje, algo que não era esperado pelo mercado financeiro nesse momento", disse em nota Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital.

Um profissional com larga experiência no mercado de renda fixa ouvido pela Reuters, que prefere não se identificar, também previu ajustes de alta na curva a termo nesta quinta-feira.

Segundo ele, "permanece viva" a possibilidade de corte de 25 pontos-base no encontro de agosto, mas o comunicado reforça que, se o ciclo de fato começar no próximo encontro, a primeira ação dificilmente será de 50 pontos-base, como já vinha sendo especulado por alguns agentes.

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No entanto, o comunicado também aumentou as dúvidas sobre se o primeiro corte virá já em agosto, ou se ficará para setembro.

"O Banco Central parece estar olhando mais para a reunião de setembro, enquanto o mercado parece estar mais convicto com a próxima reunião de agosto", pontuou em nota Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez.

Como a curva a termo já estava bem precificada para corte em agosto, as taxas tendem a subir no início dos negócios nesta quinta. A expectativa é que a curva desincline um pouco com a alta das taxas na ponta curta, ainda que na longa os impactos do comunicado sejam reduzidos.

"Com relação aos impactos do comunicado sobre a curva de juros, esperamos uma discreta pressão altista sobre o segmento de curto prazo e variações não relevantes na parte longa e intermediária", pontuou o estrategista-chefe da Warren Rena, Sérgio Goldenstein, em nota a clientes.

Para Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital, ainda que o comunicado do BC tenha vindo mais duro do que o esperado, "o tom geral foi no sentido de abrir espaço para flexibilização nas próximas reuniões", avaliou, em nota a clientes.

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No caso do câmbio, os efeitos do comunicado podem ser diluídos, já que outros fatores têm pesado para o recuo mais recente do dólar ante o real, como o cenário externo favorável. Ainda assim, a perspectiva de Selic elevada por mais tempo no Brasil traz, em teoria, um viés de alta para o dólar e de queda para o Ibovespa.

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