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Confirmado no BC, Tombini deve ter mais rigor com inflação

Atual presidente da autoridade monetária já tinha sinalizado que não estava contente com o rumo da atual política fiscal

27 nov 2014 - 16h03
<p>Alexandre Tombini continuará à frente do Banco Central no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff</p>
Alexandre Tombini continuará à frente do Banco Central no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff
Foto: Mike Theiler / Reuters

Alguns podem dizer que a manutenção de Alexandre Tombini à frente do Banco Central pode indicar que o combate à inflação continuará sem muita convicção, mas não deve ser assim.

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De poucas palavras, o gaúcho de Porto Alegre preside o BC desde o início de 2011 e, mais recentemente, fez questão de sinalizar que não estava contente com o rumo da atual política fiscal. Posição em linha com seus colegas que vão compôr a trinca de comando da equipe econômica neste segundo mandato da presidente Dilma Rousseff: Joaquim Levy, indicado para ser ministro da Fazenda, e Nelson Barbosa, novo ministro do Planejamento.

"Ele (Tombini) não tem esse perfil tão desenvolvimentista que está aí", afirmou uma fonte que trabalhou muitos anos lado a lado com ele, que preferiu não ser identificada.

Em documentos e discursos oficiais, o BC já afirmou que o cenário fiscal tendia para a neutralidade em termos inflacionários sob o ponto de vista estrutural, um conceito mais complicado e que leva em consideração ciclos econômicos. Olhando-se pelo outro lado, aí de maneira mais simples, a situação fiscal pressionava os preços na visão do BC.

Um dos movimentos mais emblemáticos também neste sentido foi dado há mais de um ano, quando o BC passou a divulgar projeções sobre a dívida tomando como base cenários distintos para o superávit primário: um com a meta do governo e, outro, com a expectativa do mercado, sempre abaixo do objetivo estabelecido.

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Mas esses sinais não serão suficientes para que Tombini já tenha reconquistado a confiança completa dos agentes econômicos. A maior crítica que recebe é não ter conseguido domar a inflação que, nos últimos anos, tem ficado bem próxima ou acima do teto da meta oficial - de 4,5% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.

"O Brasil está entrando num círculo vicioso, com mais inflação", afirmou uma outra fonte que também foi colega de Tombini durante o governo do PT. "Não é fácil enfrentar a presidente (Dilma Rousseff) e o governo todo", acrescentou

Talvez um sinal de mudança tenha vindo recentemente. No final do mês passado, apenas três dias do segundo turno que reelegeu a presidente, o BC pegou todo mundo de surpresa e elevou a Selic, iniciando um novo ciclo de aperto monetário.

Formação

De perfil mais desenvolvimentista - que lhe rendeu o apelido de "Pombini" nas mesas financeiras em referência ao seu perfil "dovish" (expansionista) -, Tombini foi o responsável por reduzir a Selic à mínima histórica de 7,25% no final de 2012, num momento em que a economia já dava sinais de perda de fôlego.

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Mas logo teve de voltar a subir a taxa básica de juros porque, apesar da atividade anêmica, a alta nos preços não cedia, num movimento também marcado pela cada vez menos confiança dos empresários e consumidores.

O presidente do BC, de 50 anos e torcedor do Internacional, é dedicado à família e tem dois filhos do quais demonstra muito orgulho, mas não expõe a vida pessoal a todos que trabalham com ele, conta uma terceira fonte que já o assessorou. Muito educado, tem a fidelidade da sua equipe.

Antes de assumir a presidência do BC, Tombini ocupava a diretoria de Normas da autoridade monetária e era um dos principais interlocutores com o Ministério da Fazenda, sobretudo quando havia assuntos mais sensíveis a serem tratados.

Ele tem tato para apagar incêndios e, se quando tomou as rédeas do BC não tinha tanta experiência política, quatro anos depois já se pode dizer que está mais calejado.

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Tombini também tem amplo conhecimento técnico, com PhD em economia pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, período no qual também jogava pólo aquático. Ele ajudou a criar o Departamento de Pesquisas do BC e foi um dos formuladores do regime de meta de inflação adotado desde 1999, considerado um dos principais pilares da economia brasileira.

Durante sua sabatina no Senado para assumir o BC, no final de 2010, Tombini ressaltou a importância da inflação "baixa e estável" para a estabilidade econômica, mas que ela sozinha não era suficiente. Defendeu o regime de câmbio flutuante e uma "política fiscal responsável, com compromisso explícito de geração de superávit primário capaz de reduzir a relação dívida/PIB".

Tudo o que não está sendo feito agora, pensam muitos. Por isso, a primeira tarefa de Tombini será a de restabelecer a confiança dos agentes econômicos e, para isso, talvez precise provar diariamente que a política econômica não será mais a mesma.

Fonte: F
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