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Conheça a Jinjiang, empreiteira da BYD, acusada no Brasil por trabalho análogo à escravidão

A Jinjiang rejeitou a acusação sobre trabalhadores em condições análogas à escravidão e não respondeu sobre a alegação de tráfico

27 dez 2024 - 11h27
(atualizado às 12h18)
Imagens do alojamento onde os chineses foram encontrados pelo Ministério Público do Trabalho da Bahia
Imagens do alojamento onde os chineses foram encontrados pelo Ministério Público do Trabalho da Bahia
Foto: Divulgação/MPT-BA

O grupo chinês Jinjiang está no centro das atenções após autoridades do Brasil dizerem que os trabalhadores de uma fábrica que está sendo construída para a fabricante de veículos elétricos BYD foram vítimas de tráfico humano e trabalho em "condições análogas à escravidão".

A Jinjiang rejeitou a acusação sobre trabalhadores em condições análogas à escravidão e não respondeu a um pedido de comentário sobre a alegação de tráfico. O Ministério das Relações Exteriores da China disse que está se comunicando com o Brasil e que o país asiático exige que as empresas chinesas operem em conformidade com a lei.

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A EMPRESA

De capital privado, a Jinjiang -- o nome significa "artesão de ouro" -- foi fundada em 2002 e está qualificada para prestar serviços de construção de propriedades. Sua sede fica em Shenzhen, a cidade no sul da China que também abriga a BYD.

O Sichuan College of Architectural Technology publicou nas redes sociais em 2021 que a Jinjiang tinha uma equipe de 1.500 funcionários e uma receita anual de 3 bilhões de iuanes (equivalente a 400 milhões de dólares).

A Jinjiang é controlada pelo presidente Ma Jianwei, cujas informações pessoais não estão disponíveis, de acordo com os registros do banco de dados de empresas chinesas Tianyancha.

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TRABALHO PARA A BYD

Além da fábrica no Brasil, a Jinjiang trabalha na construção de fábricas da BYD em toda a China, em cidades como Changzhou, Yangzhou e Hefei, de acordo com os registros do Tianyancha e de anúncios de emprego em sites e redes sociais chinesas.

A Jinjiang estava procurando trabalhadores para a construção das fábricas da BYD em Xian, Shaanxi e Zhengzhou, de acordo com anúncios de emprego de recrutadores no aplicativo de mensagens WeChat no mês passado.

A empresa ajudou a BYD a construir seu sistema de monotrilho elevado Skyrail na China, conforme publicações do governo local.

A Reuters não conseguiu estabelecer se a Jinjiang estava trabalhando em projetos da BYD na Hungria, no México, na Tailândia e no Uzbequistão, mas as publicações de recrutamento da empresa mostram que ela está contratando para vários cargos na Hungria, incluindo motorista de empilhadeira e especialista em logística.

A Jinjiang também está recrutando engenheiros hidráulicos e de estruturas de aço na Turquia e tradutores de turco, espanhol, português e húngaro, de acordo com publicações que não mencionam a BYD.

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SEGURANÇA NO TRABALHO

De 2018 a 2022, a Jinjiang foi condenada pelos tribunais chineses a indenizar os trabalhadores em cinco disputas envolvendo acidentes de trabalho e lesões, de acordo com o Tianyancha. A empresa foi multada em três casos em 2023 e 2024 por violar as normas de segurança do trabalhador, conforme o banco de dados.

Um registro de multas também mostrou que, em maio de 2022, um trabalhador em um canteiro de obras da BYD em Hefei foi morto em um acidente. A Jinjiang, principal empreiteira do projeto, foi multada em 310.000 iuanes, juntamente com duas subempreiteiras, pelas autoridades locais em 2023 por não implementar medidas de segurança.

RESPOSTAS DA JINJIANG E DA BYD

A Jinjiang disse em sua conta no Weibo que a descrição dos trabalhadores como "escravizados" no Brasil é imprecisa e que houve mal-entendidos na tradução.

A empresa postou um vídeo de um grupo de trabalhadores chineses, um deles lendo para a câmera uma carta dizendo que a alegação de que eles haviam sido resgatados insultava sua dignidade. Segundo a Jinjiang, os trabalhadores haviam assinado a carta em conjunto.

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O trabalhador não identificado afirmou que eles estavam chocados com a possibilidade de serem mandados para casa, que queriam manter seus empregos e continuar trabalhando no Brasil.

A BYD disse inicialmente que havia cortado os laços com a Jinjiang. Mas a declaração da Jinjiang foi posteriormente republicada online por um executivo da BYD, que acusou "forças estrangeiras" e alguns veículos de imprensa chineses de "difamar deliberadamente as marcas chinesas e o país e minar o relacionamento entre a China e o Brasil".

O Ministério Público do Trabalho do Brasil disse que a BYD e a Jinjiang concordaram em ajudar e a abrigar em hotéis 163 trabalhadores, até que se chegue a um acordo para encerrar seus contratos.

Reuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.
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