Antes de ser lançado em direção ao espaço em 2024, o Ariane 6, o novo foguete em desenvolvimento pela Agência Espacial Europeia, precisa fazer um trajeto muito mais demorado: cruzar o oceano Atlântico. Essa travessia rumo à América do Sul está sendo feita no Canopée, um navio cargueiro de 121 metros de comprimento com quatro "asas" gigantes de 363 metros quadrados, sendo a primeira embarcação de transporte fazer esta trajeto transatlântica com velas.
O navio cargueiro, projetado pela VPLP Design, tem como conceito "uma propulsão híbrida que combina seis asas 'Oceanwings', dois motores elétricos e combustíveis menos emissores como o e-metanol, permitindo uma redução nas emissões de CO2 de cerca de 35% na escala de uma travessia do Atlântico", explica Simon Watin, diretor geral associado e arquiteto responsável pelo centro marítimo.
As chamadas "Oceanwings" são espécies de velas automatizadas pensadas para navios de transporte. O Canopée é a primeira embarcação deste tipo a contar com o equipamento, o que faz com que aproveite mais o vento. Por isso, embora ainda tenha como fonte de energia mais importante dois motores a diesel, ele é considerado a representação de uma nova etapa para a descarbonização marítima.
Um foguete de 900 toneladas
O navio é destinado a transportar elementos do foguete Ariane 6, que deve ser lançado em meados de 2024, dos portos europeus até Kourou, na Guiana. Com mais de 60 metros de altura, o Ariane 6 pesará quase 900 toneladas quando for lançado com carga útil completa - aproximadamente o equivalente a um avião e meio de passageiros Airbus A380.
O Canopée completou a sua primeira viagem transatlântica no início de novembro. O navio de transporte levou ao porto de Pariacabo, na Guiana Francesa, elementos da parte superior do lançador Ariane 6, incluindo a carenagem, também como componentes dos foguetes auxiliares.