Mais uma novidade interessante chega para quem quer investir, mas não está com a carteira tão recheada assim. Tratam-se dos Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs), que estarão abertos para o público em geral a partir de 3 de abril próximo, deixando de ficar restritos aos chamados “investidores qualificados” (que possuem ao menos R$ 1 milhão em aplicações financeiras ou certificação profissional do mercado de capitais).
Se você não está familiarizado com a expressão, vale lembrar que direitos creditórios são créditos a receber, como dívidas parceladas no cartão de crédito, por exemplo. Tais créditos são vendidos aos FIDCs que, por sua vez, emitem cotas que são adquiridas pelos investidores.
Em 2022, a categoria foi a segunda que mais captou dinheiro, com entrada líquida de R$ 22 bilhões até novembro, ficando atrás apenas da classe de renda fixa.
Rentabilidade de 120% do CDI
Em dezembro de 2022, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) divulgou uma série de novas e aguardadas regras para reger os fundos de investimentos. Por isso, vale observar que, apesar de oferecer bons rendimentos, os FIDCs são arriscados.
Seu principal atrativo como investimento é sua rentabilidade em relação a outros investimentos de renda fixa: pode alcançar 120% do CDI em média, por exemplo.
Para o advogado Otávio Augusto de Lara Borsato, sócio do Barcellos Tucunduva Advogados e especializado em Mercado Financeiro, de Capitais e Fundos de Investimento, a flexibilização dos FIDCs é um grande sinal da maturidade do mercado e vai trazer impacto positivo para a indústria como um todo.
“A norma veio muito moderna, veio melhor do que o proposto na audiência pública: a CVM acatou muitos dos comentários dos participantes do mercado”, avalia o especialista.
Qualquer pessoa poderá investir em FIDCs?
“A partir do dia 3 de abril e do momento em que os FIDCs destinados para investidores em geral forem constituídos – qualquer pessoa poderá investir. Não há necessidade de uma assessoria específica, mas considero prudente e recomendável consultar um profissional especializado. Não há um investimento mínimo previsto em norma – e isso dependerá muito do que estiver previsto no regulamento de cada fundo”, alerta Borsato.
Apesar do sucesso em 2022, é necessário cautela com essa modalidade de investimento. Ela é mais sofisticada e arriscada se comparada a um fundo de investimento em renda fixa, com uma série de variáveis e riscos que podem impactar o capital investido – até mesmo a perda de todo esse capital.
“É fundamental que o investidor analise e leia com cuidado o regulamento, a lâmina e o prospecto do fundo – especialmente seus fatores de risco – e avalie com muito critério se o investimento no FIDC está adequado ao seu perfil de risco”, diz ele.
Dicas para quem quer investir em FIDCs
O especialista alerta para se ter especial atenção em quatro pontos:
- • O investidor precisa analisar a política de investimento do fundo;
- • Os limites de concentração;
- • Quem são os prestadores de serviço do fundo, notadamente o administrador e o gestor;
- • O histórico dos prestadores e sua experiência com a estruturação de FIDCs.
“Esse tipo de investimento não conta com garantia do Fundo Garantidor de Créditos – um tipo de seguro que garante o pagamento ao investidor se surgir algum problema”, finaliza ele.