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Construção civil pede a Lula juro baixo e estímulo à habitação popular

Para entidades do setor, nova equipe econômica precisa também manter a regulamentação atual do setor, que ficou mais enxuta

1 nov 2022 - 05h10
(atualizado às 17h12)
José Carlos Martins, presidente da CBIC.
José Carlos Martins, presidente da CBIC.
Foto: Divulgação / Estadão

Uma política econômica que permita a redução da taxa básica de juros, a Selic, estimule a competição entre fabricantes de matérias-primas e ajude a manter um fluxo regular de investimentos é a demanda da indústria da construção civil para o novo mandato do presidente Lula. Representantes do setor destacam também esperar que, nos próximos quatro anos, não haja alterações na regulamentação da construção (que está mais enxuta) e, por outro lado, que sejam retomados estímulos para a construção de moradia para a população mais carente.

Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, o ponto-chave para o segmento no próximo governo é a regularidade no fluxo de investimentos. Ele diz ser preferível um volume menor de capital a um ritmo constante do que grandes aportes seguidos por freadas bruscas.

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"Não dá para viver de uma solução única, que um dia coloca uma montanha de dinheiro e, de repente, morre tudo. Isso aconteceu com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento, lançado em 2007 pelo governo do PT)", afirma. "Sem continuidade, não posso investir pesado em tecnologia, maquinário e capacitação. Perco a oportunidade de ser mais produtivo", acrescenta.

Martins destaca que, durante o governo Bolsonaro, foram feitas concessões para investimentos estruturantes no País, como de rodovias e aeroportos. A infraestrutura de pequeno porte, no entanto, ficou em segundo plano e precisa ser retomada. "São aquelas obras menores, que a conta não fecha para fazer concessões, mas que são necessárias no dia a dia. Uma concessão de uma estrada vicinal, por exemplo, não para em pé, mas tem de ter uma solução para mantê-la. Precisamos de algo para atender a essa demanda."

Minha Casa, Minha Vida

O executivo ainda lembra que, no principal programa de habitação do governo, o Casa Verde Amarela (que substituiu o Minha Casa, Minha Vida), praticamente não houve contratações nos últimos anos no Grupo 1, destinado à população de renda mais baixa. "Isso acabou faltando. Tem de ser feito um debate em torno do assunto. Ninguém quer estourar o teto de gastos (para investir em habitação), mas é preciso resolver essa questão no Congresso", acrescenta Martins.

O vice-presidente de relações institucionais do Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), Yorki Estefan, também afirma que o novo governo terá de dar atenção a essa faixa do programa habitacional, que depende de subsídios. Ele, porém, pondera que isso tem de ser feito com responsabilidade fiscal. "O dinheiro (para o subsídio) tem de sair do Orçamento. Não adianta investir explodindo as contas do governo. Porque aí gera mais inflação e, consequentemente, juros mais altos."

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Estefan diz que é imprescindível que o novo governo mantenha em ordem as contas públicas para que a taxa de juros possa ser reduzida. Hoje a 13,75%, a taxa básica de juros torna o investimento financeiro mais atraente que o imobiliário, retirando recursos que poderiam ser destinados ao setor. Segundo o executivo, a indústria da construção trabalha "razoavelmente bem" com um juro na faixa de 8,5%.

Com o fim da obrigatoriedade de contribuição, Sinduscon/SP fez uma ampla reestruturação e reduziu o quadro de funcionário
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

Desoneração das importações

O vice-presidente do SindusCon-SP alerta também para a necessidade de estimular a indústria no país e desonerar as importações. A ideia é que isso torne as matérias-primas mais baratas, explica.

Estefan ainda diz ser importante não retroceder na regulamentação. Em 2020, foi reformulada uma norma que regulamenta o setor e que, por exemplo, permite que a gestão de riscos nos canteiros de obras seja feita pela própria construtora, e não por uma fornecedora. Cálculos do Ministério da Economia apontavam que a mudança nas regras da indústria garantiriam ao setor uma redução de custos de quase R$ 5 bilhões em dez anos.

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