Em queda já há três anos consecutivos, o consumo de carne bovina por pessoa em 2021 foi o menor já registrado desde 2005. Segundo pesquisa da Consultoria Agro do Itaú BBA, cada brasileiro consumiu cerca de 24,5 kg desse tipo de carne.
Um dos principais responsáveis por esse problema é a alta da inflação, que acumula duas casas e deve fechar o ano em torno dos 10%. Outro problema que vem contribuindo para a redução do consumo é o aumento da pobreza, agravado pela pandemia.
A inflação registrada nos produtos, principalmente na carne bovina, fez com que as famílias brasileiras deixassem de consumir esse item. No primeiro semestre de 2021, por exemplo, o brasileiro que quisesse comprar a carne de boi teria que desembolsar quase 40% a mais do que ele pagaria antes da pandemia.
A partir de setembro, este item passou a acumular quedas, mas ainda não são acessíveis o suficiente para que a carne bovina volte a fazer parte da lista de compras. Isso porque, além da inflação, o Brasil lida com outro problema: a diminuição de renda.
Durante a segunda onda de covid-19, no segundo trimestre de 2021, o país chegou a ter 14,8 milhões de desempregados. No terceiro trimestre, esse percentual recuou e atualmente o número é de 13,7 milhões de brasileiros sem emprego.
Apesar do alto número ainda registrado, é possível perceber que o número de pessoas desempregadas teve uma redução significativa. No entanto, esse ainda é um problema.
De acordo com dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) mostram que a renda média real (ou seja, descontada a inflação) de quem está empregado vem diminuindo consecutivamente há 12 meses, desde outubro de 2020.
Como resultado, as oportunidades de emprego que surgem são precárias e possuem baixos salários, ocasionando na redução de renda.
Alternativas para o consumo de carne bovina
Outra pesquisa realizada pela Bare International mostra que 76% dos brasileiros precisaram recorrer a proteínas de menor valor para substituir a carne de boi em suas refeições diárias. Para substituir, a principal opção das famílias foram: frango (57%), ovo (19%), peixes (15%), cortes menos nobres de boi (14%) e a carne de porco (6%).
Carnes nobres como picanha e filé mignon já não aparecem no prato da maioria dos entrevistados (75% e 73%, respectivamente), enquanto 67% alegaram que não compram mais outros cortes de carne de boi.
Além desses dados, a pesquisa ressaltou também que:
- 89% cortaram algum tipo de serviço;
- 40% dos que moram de aluguel trocaram ou pretendem mudar de residência;
- 51% optam por produtos mais baratos e por estocar itens em promoção;
- 60% dos empregados passaram a fazer bicos para complementar a renda.
Com informações de Folha e G1.