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Conta de luz vai ter aumento médio de 23%

Governo diz que aumento é passageiro e consequência da seca que atinge parte do País

27 fev 2015 - 20h46
<p>As “bandeiras tarifárias” usarão cores para indicar aos consumidores a elevação do custo da luz</p>
As “bandeiras tarifárias” usarão cores para indicar aos consumidores a elevação do custo da luz
Foto: Michaela Rehle / Reuters

Os consumidores de energia começarão a sentir a partir de segunda-feira (30) os efeitos do chamado “realismo tarifário” proposto pelo governo federal, com revisões extraordinárias que terão um efeito médio nacional de alta de 23,4% nas contas de luz.

Aprovadas nesta sexta-feira pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), as revisões atingem 58 distribuidoras do País com índices de até 39,5%.

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A revisão extraordinária foi definida, principalmente, para custear o repasse de R$ 22,057 bilhões da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e o aumento de cerca de 46% no preço da energia de Itaipu.

O valor da CDE, inclusive, foi aprovado também na reunião desta sexta-feira da Aneel e reflete a decisão do Tesouro de não fazer aportes na conta.

O valor da revisão varia de empresa para empresa. No caso da Eletropaulo, por exemplo, o aumento médio nas tarifas será de 31,9%, enquanto a Cemig terá elevação de 28,8% e a Light, de 22,5%.

O diretor-geral da agência, Romeu Rufino, lembrou que ao longo do ano ainda acontecerão, normalmente, os processos de reajuste tarifário ordinário das empresas, cada um numa data específica.

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"Mas os reajustes ordinários deste ano tendem a ser menores, já que a revisão absorve parte dos custos", disse. Rufino, porém, não estimou qual deve ser a ordem de grandeza dos reajustes.

Outro movimento feito pela agência no sentido de repassar para as tarifas os custos reais do setor foi a aprovação também nesta sexta-feira da elevação da cobrança das chamadas “bandeiras tarifárias”, sistema que usa cores para indicar aos consumidores a elevação – e o repasse às tarifas – dos custos da geração de eletricidade.

No caso das bandeiras vermelhas, por exemplo, que indicam custos maiores, o repasse para as contas para cada 100 quilowatts-hora (kWh) subiu para R$ 5,50, ante os R$ 3 que estava em vigor desde o início do ano. Para a bandeira amarela, a cobrança adicional para cada 100 kWh subiu de R$ 1,50 para R$ 2,50.

Os novos valores começam a valer já na segunda-feira. Para março, inclusive, a Aneel já definiu que continuam valendo as bandeiras vermelhas, em todo o Sistema Interligado Nacional, a exemplo do que já havia ocorrido em janeiro e fevereiro.

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Segundo a Aneel, as bandeiras não criam um custo a mais para os consumidores, mas apenas antecipam o pagamento de uma variação de custos que já seria repassada, uma vez ao ano, nos reajustes, dando ao consumidor a oportunidade de reagir à pressão de preços, reduzindo seu consumo.

O diretor da Aneel Tiago Correia disse que as bandeiras já vêm contribuindo para a redução do consumo. “Parece já haver resposta do mercado, com queda na carga em fevereiro em relação ao ano passado”, disse.

Nesta sexta-feira, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) informou que o consumo de eletricidade no País em fevereiro deve mostrar redução de 6,5%, segundo medições preliminares.

Para março, porém, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estima alta de 3% no consumo de carga de energia do Sistema Interligado Nacional (SIN), ante o mesmo período do ano passado, segundo relatório divulgado nesta sexta-feira.

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O ONS também espera uma elevação no nível das represas de hidrelétricas do País no período, vendo o patamar de armazenamento na região Sudeste avançando de cerca de 20% para 27,1% no final de março. Apesar da elevação, o valor da energia no curto prazo para a próxima semana seguiu no teto definido para o ano, de R$ 388,48 por MWh.

Desliguem a luz

Segundo a Aneel, a partir da primeira semana de março será iniciada uma campanha nacional para estimular o uso consciente da energia.

“Com essas decisões que estão sendo tomadas, completamos o ciclo para alcançar a sustentabilidade do setor elétrico por meio da tarifa”, disse Rufino.

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira que os aumentos nos preços da energia no País "são passageiros" e descartou qualquer tipo de problema no setor, mas disse que os consumidores têm obrigação de evitar desperdícios de energia.

Durante inauguração do Parque Eólico Geribatu, no Rio Grande do Sul, a presidente atribuiu o aumento nos preços de energia à seca no País, que tem obrigado o sistema de geração térmico a ser acionado continuamente, o que tornando a energia mais cara.

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"Os aumentos nos preços de energia são passageiros, eles estão (subindo) em função do fato que o País enfrenta a maior falta de água dos últimos 100 anos", disse Dilma.

"A gente tem que ser favorável de defender, de lutar pelo consumo racional de energia", disse a presidente. "Consumo racional de energia é aquele que significa não desperdiçar, desperdício zero", acrescentou.

Embora o governo não admita a necessidade de racionamento de energia enquanto espera o comportamento das chuvas até abril, medidas adotadas recentemente para economizar energia sinalizam preocupação com o risco de faltar eletricidade, num cenário similar ao ocorrido antes do racionamento de 2001.

A diferença principal, na avaliação de especialistas, é que o governo está demorando para iniciar uma ampla campanha de redução do consumo, o que deveria ter ocorrido já no ano passado.

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