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Copa prejudica e vendas do varejo sobem apenas 0,5% em junho

Sem torneio de futebol, avanço das vendas teria sido de 2%

16 jul 2014 - 18h07
<p>Resultado de junho foi bem pior do que o registrado nos meses de abril e maio</p>
Resultado de junho foi bem pior do que o registrado nos meses de abril e maio
Foto: Sergio Moraes / Reuters

A Copa do Mundo afetou negativamente o varejo no mês de junho, segundo índice do setor divulgado nesta quarta-feira pela empresa de cartões Cielo, que apontou um crescimento de apenas 0,5% no mês sobre um ano antes, já descontada a inflação.

Sem o torneio de futebol, o avanço das vendas teria sido de 2%, afirmou o gerente de Inteligência da empresa, Gabriel Marioto, atribuindo o desempenho fraco principalmente aos feriados decretados em dias de jogos em diversas cidades do País.

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O resultado de junho foi bem pior do que o registrado nos meses de abril e maio, quando o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) teve crescimento real de 4,8% e 5,5%, respectivamente, sempre na comparação anual. O índice é calculado a partir da base de 1,4 milhão de pontos de venda ativos credenciados à Cielo em todo o Brasil.

No último mês, o varejo também sofreu com o feriado de Corpus Christi, que em 2013 caiu em maio. Excluindo todos os efeitos de calendário, a Cielo estima que o avanço das vendas teria sido de 3,1% em junho - ainda abaixo do avanço de 6,4% em abril e de 5,1% em maio, pelo mesmo parâmetro.

Segundo Marioto, os setores de vestuário, lojas de departamento e materiais de construção apresentaram retração no último mês. Companhias aéreas e hotéis, que poderiam se beneficiar com a Copa, também mostraram recuo na receita deflacionada, disse o executivo, sem entrar em detalhes percentuais.

Refletindo a tendência, a região Sudeste, que concentra grande número de empresas desses setores, viu as vendas reais caírem 0,5% em junho ante igual mês do ano passado, indo na contramão das outras regiões do País, que apresentaram desempenho positivo no mês.

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"Três das principais sedes da Copa do Mundo estavam na região Sudeste", afirmou o economista da Tendências, Adriano Pitoli, se referindo a São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. "A indústria automobilística e a indústria de bens de capital têm sido mais impactadas nesse momento de forte nível de incerteza (da economia), e elas têm muito peso na região Sudeste", completou.

Perspectivas

No acumulado do primeiro semestre, o avanço real das vendas do varejo foi de 5,2%, com influência positiva dos setores de drogarias e farmácias, além de postos de gasolina e supermercados e hipermercados.

Na opinião do fundador e diretor-geral da consultoria Gouvêa de Souza, Marcos Gouvêa de Souza, as vendas no segundo semestre devem manter um ritmo mais fraco, em um cenário de inflação e juros altos. "Nada indica que possa haver, pelo menos até a eleição, uma reversão no nível de confiança do consumidor", disse.

"Estamos enfrentando situação em que o crédito se tornou bem mais restritivo, é de se imaginar que possamos ter ao longo do segundo semestre um varejo andando de lado, sem nenhum crescimento mais expressivo."

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