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Copom: entenda os motivos do BC para elevação da Selic, a primeira alta do governo Lula 3

Diretores do Banco Central decidiram elevar a taxa básica de juros da economia brasileira para 10,75% ao ano

18 set 2024 - 18h59
(atualizado às 19h16)
O Copom é composto pelo presidente do Banco Central e os oito diretores da autoridade monetária.
O Copom é composto pelo presidente do Banco Central e os oito diretores da autoridade monetária.
Foto: Raphael Ribeiro/Banco Central do Brasil

A Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, voltou a subir depois de ficar estável por três reuniões. Nesta quarta-feira, 18, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, por unanimidade, elevar os juros de 10,50% para 10,75% ao ano – com a justificativa que a elevação visa ancorar as expectativas inflacionárias, controlando o consumo e o aumento de preços. 

Na última ata da reunião de julho, os diretores afirmaram, de forma unânime, que não hesitariam em aumentar juros para assegurar a convergência da inflação para a meta de 3%, podendo chegar a 4,5% por causa do intervalo de tolerância de 1,5 ponto. A elevação de 0,25 ponto percentual da Selic representa a primeira alta do terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).  

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Quando o Copom aumenta a taxa Selic, o objetivo é conter a inflação, reduzindo o consumo e os investimentos. Por outro lado, quando reduz a Selic, busca estimular a atividade econômica, aumentando o consumo e os investimentos.

A inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), está projetada para encerrar o ano em 4,35%, acima da meta para a inflação do BC.

A última alta dos juros ocorreu em agosto de 2022, quando a taxa subiu de 13,25% para 13,75% ao ano. O ciclo de queda, que começou em agosto do ano passado, havia sido interrompido em junho pelos diretores do Banco Central. Nas reuniões de junho, julho e setembro, o Copom decidiu manter a taxa em 10,5% ao ano, no menor nível desde fevereiro de 2022. 

Na semana passada, o Boletim Focus, que traz as previsões de analistas de mercado, aumentou a projeção da Selic para o fim de 2024 a 11,25% ao ano. Ou seja, é esperado um aumento de 0,25 ponto percentual nas duas reuniões restantes do Copom neste ano. A estimativa para 2025 é que a Selic fique em 10,50%, enquanto a projeção para 2026 é de 9,50%.

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Juros dos EUA

A decisão do Copom de aumentar os juros no Brasil ocorre no mesmo dia em que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, decidiu pela redução em 0,50 ponto porcentual da taxa de juros na maior economia do mundo. O corte foi o primeiro em quatro anos, e, agora, a taxa dos fundos federais deverá ficar entre 4,75% a 5%.

Os recados do comunicado do BC

No comunicado desta quarta-feira, o Copom justificou a elevação da Selic argumentando, entre outras coisas, que o cenário, marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, demanda uma política monetária mais contracionista. O documento cita o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho.

"Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 10,75% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante", diz o Copom.

O Comitê avalia também que o cenário externo, marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes. "O ambiente externo permanece desafiador, em função do momento de inflexão do ciclo econômico nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed."

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Sobre novas altas na Selic, o Comitê disse que o ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.

O que é a Selic

A Selic é a referência para todas as taxas de juros do mercado brasileiro, definida pelo Copom, composto pelo presidente e diretores do Banco Central. Ela é o principal instrumento de política monetária utilizada para controlar a inflação.

Quando os juros sobem, os financiamentos, empréstimos e pagamentos com cartão se tornam mais caros, o que desencoraja o consumo e, por consequência, estimula a queda na inflação. Por outro lado, se a inflação está baixa e o BC reduz os juros, isso torna os empréstimos mais baratos e incentiva o consumo.

Como a Selic é definida

O Banco Central avalia as condições da inflação, da atividade econômica, das contas públicas e o cenário externo para definir o que fazer com a Selic, sempre com o objetivo de manter a inflação dentro da meta.

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Essa é uma prática comum em governos e autoridades monetárias. O Federal Reserve (Fed) define os juros básicos da economia americana e o Banco Central Europeu faz o mesmo com os juros dos países da zona do euro.

Meta de inflação

O objetivo do Copom é manter a inflação brasileira dentro da chamada meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que determina a meta de três anos à frente, visando uma inflação previsível, estável e baixa, que possa ajudar a economia brasileira a crescer.

Fonte: Redação Terra
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