O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,7% no quarto trimestre de 2013, na comparação com os três meses anteriores, e 2,3% no fechamento de 2013. O resultado surpreendeu analistas de mercado, que previam crescimento de 0,3% sobre o terceiro trimestre e de 2,2% em 2013 como um todo, segundo pesquisa da Reuters.
"O que surpreendeu no PIB de 2013 são duas coisas se observados os números fechados e acumulados do ano. Em primeiro lugar que a demanda acelerada no campo doméstico vazou para fora via elevação das importações em alta (8,28%). Este efeito tende a ser moderado pela recente depreciação do real. O segundo ponto interessante é o comportamento da FBKF (Formação Bruta de Capital Fixo), que avançou no ano passado 6,2%, resultado muito superior a 2012 quando o investimento tombou 4%", afirmou André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.
O País poderia ter entrado em recessão técnica - quando há retração por dois trimestres seguidos - no final do ano passado porque no terceiro trimestre de 2013 o PIB havia encolhido 0,5% sobre o período imediatamente anterior. A última vez que o país viveu essa situação foi no final de 2008 e início de 2009, auge da crise financeira internacional.
O resultado do trimestre passado sobre os três meses anteriores veio com a expansão do setor de serviços (0,7%) e do consumo das famílias (0,7%) e do governo (0,8%). A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) - medida de investimentos - também mostrou resultado positivo, de 0,3%. Nesta comparação, no entanto, a agropecuária ficou estagnada e a indústria encolheu 0,2%, um sinal de fraqueza que chamou a atenção dos especialistas.
"A queda da indústria deixa evidente que o que está mantendo o País com uma taxa de crescimento apenas moderada são os problemas no campo da oferta e isso deve continuar neste ano", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, que vê expansão de 1,8% do PIB em 2014. O fim de 2013 havia surpreendido pelos fracos resultados na indústria e no varejo, que também jogaram água fria sobre as expectativas de recuperação em 2014, um ano eleitoral e que pode dificultar ainda mais a vida da presidente Dilma Rousseff, que vai tentar a reeleição.
A confiança do consumidor também iniciou o ano mostrando fraqueza. Em fevereiro, atingiu seu menor nível desde maio de 2009. "O mercado esperava uma queda no investimento, o que não aconteceu. É possível que o aumento do investimento tenha a ver com maiores estoques. Assim, devemos ter um número mais fraco do PIB no primeiro trimestre", afirmou o economista da gestora de recursos Saga Capital Gustavo Mendonça. "O ano começou com muita incerteza."
Para 2014, os especialistas, segundo última pesquisa Focus do Banco Central, apontam que o PIB deve crescer ainda menos, apenas 1,67%, expectativas que vêm se deteriorando a cada dia. No final do ano passado, elas indicavam crescimento de 2%. O IBGE informou ainda que as exportações de bens e serviços cresceram 2,5% no ano passado sobre 2012, enquanto as importações de bens e serviços tiveram expansão de 8,4% no período.
Com informações da Reuters