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Crise na economia é pior para países em desenvolvimento 

Paul Krugman participou do evento Febraban Tech, em São Paulo

11 ago 2022 - 10h58
Paul Krugman na Febraban Tech
Paul Krugman na Febraban Tech
Foto: Joyce Cury / Divulgação

Paul Krugman, vencedor do Nobel de Economia em 2008, avalia que a atual crise na economia global não será tão forte quanto a de 2008, mas trará dificuldades no futuro próximo, principalmente para países em desenvolvimento. 

O economista participou nesta quarta-feira (10) do evento Febraban Tech, em palestra com o tema “A nova realidade e os desafios da Economia mundial”, com moderação de Maurício Minas, do Bradesco. Ele comentou sobre os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia, as medidas do Fed para reduzir a inflação e a repercussão em outros países e cripto.

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Krugman começou sua palestra falando sobre os dados de inflação dos Estados Unidos e as medidas que o Fed têm tomado para controlar a inflação: “O Fed está tentando ‘esfriar’ a economia, e é possível que consigam fazer isso sem chegar a uma recessão. Vamos ver uma desaceleração, mas provavelmente nada tão ruim”, comentou. “Por que eles acham que a economia precisa desacelerar? Inflação. Estamos nessa situação em que tivemos uma recuperação rápida após a pandemia, mas a situação da população ainda está ruim.” 

Para o economista, a inflação real na economia ainda está alta: “Nos últimos seis meses ela parecia pior do que era, e nos próximos meses deve parecer melhor do que será de fato”, comentou sobre as perspectivas de controle da inflação.

Já o reflexo da alta dos juros nos Estados Unidos é que o país atrai mais investidores e a moeda se valoriza. Isso tem repercussões em outras economias. 

Crise global afeta mais os países em desenvolvimento

De acordo com Krugman, os mercados emergentes serão os mais afetados pela crise econômica, e muito disso se deve ao fato de serem economias atreladas ao dólar. 

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O economista explica que isso se deve, em parte, ao fato de que países importadores dependem de financiamento em dólar. Ele avalia que o caso do Brasil não é tão grave comparando com outros países, por o país ser relativamente autossuficiente em energia, e exportador de commodities. 

Krugman em São Paulo
Foto: Joyce Cury / Divulgação

Ele mencionou a Índia e Bangladesh como alguns dos mais afetados: “São países que fizeram progressos, mas dependem da exportação de produtos manufaturados. Esses estão em situação pior, pois de repente os produtos que eles exportam estão desvalorizados”.  Outro fator é que esses países podem ter dívidas externas fixadas em dólar, o que, somando juros e valorização, aumenta ainda mais o endividamento.

Impactos da Guerra na Europa 

Krugman comentou sobre a conjuntura global que a inflação na Europa está alta por conta da dependência do gás da Rússia, e o fato de que o bloco precisa ainda se adequar para depender menos do recurso natural no futuro. 

Para o palestrante, os preços do gás subiram principalmente depois que a invasão Russa não se mostrou bem sucedida. 

Ainda sobre a guerra, Krugman avalia que a alta no preço do gás natural é um exemplo extremo da disrupção, mas não é o único fator. O abastecimento de alimentos em alguns lugares é um problema maior. 

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Apesar de Ucrânia e mesmo a Rússia serem economias relativamente pequenas, na economia global, são áreas de fornecimento cruciais de alguns produtos como cereais, por isso podem causar tanta disrupção na economia. Na visão do economista, o balanço de forças está do lado da Ucrânia no momento, com a ajuda de outros países do ocidente. 

Nobel de Economia não é entusiasta de criptomoedas

Questionado sobre sua perspetiva sobre criptomoedas, respondeu:“Eu já ganhei algum dinheiro com criptomoeda”, começou o economista, que emendou: “falando em eventos relacionados ao tema”. 

Krugman se mostrou cético quanto ao bitcoin: “O que muitas pessoas não percebem é que o bitcoin é uma tecnologia antiga, mais velho do que o iPad” disse, e comentou que ainda grande parte das transações são principalmente especulativas.

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