Depois de 51 anos de restrições no mercado interno, as vendas de automóveis começaram na quinta-feira em todo o País com um forte obstáculo para os cubanos comuns: os preços astronômicos de veículos, de acordo com informações do site de notícias Café Fuerte.
Como o salário médio mensal de um trabalhador cubano fica entre US$ 20 e US$ 40, algo entre R$ 46 e R$ 92, o sonho de comprar carros novos como o Peugeot 508, que sai por cerca de R$ 627 mil, parece mais do que impossível. No Brasil, o mesmo carro custa cerca de R$ 130 mil.
Os carros usados também tem preços altos no mercado cubano, conforme o site. Um Hyundai Sonata 2009 chega a custar 60 mil pesos cubanos, o equivalente a R$ 143 mil e um Jeep Suzuki Jimny de 2008 sai por 69 mil pesos, algo em torno de R$ 165 mil.
Os veículos serão vendidos à população nas agências estaduais, que por sua vez impõe um custo adicional de 8% sobre o valor do veículo e uma taxa de 10% para cobrir os custos da operação dentro do país.
Frota envelhecida
A importação de veículos novos será de responsabilidade do Estado, que os revenderá cobrando impostos que, segundo o governo, deverão ser empregados na melhoria do transporte público.
A gestão do presidente Raúl Castro, irmão de Fidel, havia liberalizado parcialmente em outubro de 2011 o comércio de veículos usados entre particulares. A medida, entretanto, só valia para carros fabricados antes de 1959.
A frota automotiva cubana é tida como uma das mais antigas do mundo. Nas ruas de Havana são comuns carros de fabricação americana da primeira metade do século e modelos soviéticos, como o Lada. Nos últimos anos começaram a aparecer mais Geelys chineses.
Os trâmites rigorosos para obtenção de uma "carta de autorização" favoreceram o surgimento de um mercado negro nos últimos anos, como reconheceu o próprio governo. As "cartas" eram muitas vezes revendidas informalmente por milhares de dólares.
A medida é mais uma etapa nas reformas promovidas pelo governo de Raúl Castro para "atualizar" a economia socialista e acabar com algumas restrições e proibições vigentes durante décadas. Raúl vem implementando em Cuba nos últimos anos um programa gradual de reforma de mercado. Entre outras coisas, a abertura econômica abriu espaço para a iniciativa privada.
Com informações da DW