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Debandada na Economia reflete impopularidade de Bolsonaro

Para ministros do governo, a saída de secretários do Ministério da Economia não ocorreria se o presidente estivesse forte eleitoralmente

22 out 2021 - 08h00
(atualizado às 08h34)
Bolsonaro, em evento em Brasília
20/10/2021 REUTERS/Ueslei Marcelino
Bolsonaro, em evento em Brasília 20/10/2021 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

A ala política do governo Jair Bolsonaro, controlada pelo Centrão, tentou minimizar o pedido de demissão de quatro secretários do Ministério da Economia nesta quinta-feira, 21, em reação a decisão do governo de furar o teto constitucional para bancar o Auxílio Brasil, que irá substituir o Bolsa Família. Dois ministros disseram ao Estadão que Paulo Guedes não sairá do cargo e que "a reação de funcionários do terceiro e quarto escalões da economia não ocorreria se o presidente Jair Bolsonaro estivesse eleitoralmente forte".

No diagnóstico desses ministros da área política, o secretário do Tesouro, Bruno Funchal, arrumou um pretexto para deixar o governo no momento em que o mercado financeiro fala abertamente a favor de um candidato de terceira via nas eleições de 2022. No domingo, por exemplo, o Estadão publicou entrevista com o banqueiro Roberto Setubal, copresidente do conselho de administração do Itaú Unibanco, na qual ele diz que o País precisa de um candidato à Presidência da República que possa se contrapor à polarização atual. Os ministro ouvidos pela reportagem dizem acreditar que, não fosse a fragilidade política de Bolsonaro, Funchal jamais demonstraria essa "convicção doutrinária inflexível".

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A articulação política do governo é comandada pelo Centrão, grupo político que nunca foi antimercado. A avaliação, contudo, é que é preciso ganhar a eleição de 2022, ainda que a retomada da política liberal seja urgente. E, para isso, como tem definido Paulo Guedes, é preciso colocar "dinheiro na veia do povo". O governo quer pagar R$ 400 de Auxílio Brasil até o ano final do eleitoral. Guedes incorporou esse discurso, razão pela qual deve permanecer no cargo segundo seus colegas de governo.

Para o Palácio do Planalto, o mercado ataca Bolsonaro para tentar acabar com a polarização entre o presidente e o petista Luiz Inácio Lula da Silva. A ausência da dualidade abriria espaço para um nome da terceira via se viabilizar e vencer a disputa. Em sua live semanal, Bolsonaro confirmou o que seus ministros disseram reservadamente ao Estadão. "Tem secretário, como acontece às vezes com um ministro, que quer fazer sua vontade". Bolsonaro também relacionou a crise na economia a questão eleitoral. "Você tá querendo melhorar os problemas do Brasil ou derrubar o presidente?" Antes, o presidente disse à CNN que Guedes não será demitido. Informação também reiterada por dois de seus ministros ao Estadão.

O que de fato preocupa o governo é a ameaça de greve dos caminhoneiros. Ministros disseram reservadamente ao Estadão que Bolsonaro provocou tumulto ao anunciar nesta quinta-feira uma bolsa de R$ 400 por mês aos caminhoneiros, para compensar o aumento do diesel sem apontar a fonte de recursos. O silêncio da equipe econômica a respeito foi sentido pelo Planalto.

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