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Dia de Copom: economistas são unânimes em apostar na manutenção da taxa Selic; veja análises

Especialistas, porém, levantam dúvidas sobre como os membros do Copom irão votar

19 jun 2024 - 05h00
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

A divulgação da taxa Selic nesta quarta-feira, 18, após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), não deve trazer nenhuma surpresa. O mercado e o governo já esperam a manutenção da taxa básica de juros em 10,5% pelo Banco Central. A opinião foi unânime em análises de economistas enviadas ao Terra.

Os especialistas, porém, levantam dúvidas sobre como os membros do Copom irão votar. Para alguns, é importante que haja uma coesão entre os votos, afim de que a decisão do Banco Central seja menos passível de ser questionada.

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O economista Alexandre Lohmann, inclusive, cita especificamente o nome de Gabriel Galípolo, favorito a suceder Roberto Campos Neto na presidência no BC. Para chegar ao cargo, o atual diretor de Política Monetária precisa ser indicado pelo presidente Lula, contrário à manutenção da Selic neste patamar.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos:

A expectativa do mercado está bem consolidada em relação à manutenção da taxa Selic, com algumas dúvidas sobre como serão os votos dos diretores e se haverá alguma divisão. Quando votaram por um aumento de 50 pontos-base na reunião anterior, isso indicava que a taxa de 10,5% não era considerada final, pelo menos até 45 dias atrás. Isso pode gerar alguma confusão, independentemente do resultado final desta reunião.

Observamos que o mercado deteriorou significativamente, especialmente no Brasil. Isso faz com que cheguemos a este momento de pausa na Selic com patamares muito mais altos do que outros bancos centrais da região, que iniciaram ciclos de corte de juros quase simultaneamente conosco, devido ao desgaste no mercado financeiro. Não tanto pela questão da inflação, que ainda está relativamente controlada, mas devido à alta taxa de crescimento deste ano e ao baixo desemprego. Acredito que as expectativas serão determinantes para esta pausa.

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Imagino que o comunicado não trará muitas surpresas, sendo bastante semelhante ao anterior, destacando o desconforto com a situação externa e fiscal, bem como com as sinalizações de mudanças nas metas fiscais. Essas são, em resumo, as expectativas do mercado.

Jonas Scorza Floriani, sócio e analista buy-side da Fundamenta Investimentos:

Primeiramente, é importante destacar a decepção existente no mercado em relação ao manejo da política econômica do País, uma deterioração que se intensificou desde a última reunião do Copom, realizada em maio. Recentemente, observamos uma aceleração negativa no mercado, evidenciada pelo aumento na expectativa de juros para 2024 em 75 pontos-base e para 2025 em 50 pontos-base, além de uma expectativa mais alta para a inflação nesses períodos.

Em segundo lugar, vale mencionar que, embora a atividade econômica no Brasil não esteja particularmente pujante, ela demonstra sinais de resiliência. Isso pode continuar pressionando os preços para cima e dificultar um possível corte de juros. Em resumo, acredito que o Copom adotará um tom mais cauteloso nesta reunião, evitando novos cortes de juros. É crucial restabelecer a credibilidade do mercado quanto ao controle da inflação antes que o Banco Central sinalize novos cortes.

Quanto aos votos, espero uma decisão que, se não for unânime, tenderá fortemente à manutenção dos juros. Considerando que a última reunião foi bastante dividida, causando confusão no mercado, seria prudente que o Banco Central sinalizasse a manutenção dos juros com uma maioria significativa.

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Alexandre Lohmann, economista-chefe da Constância Investimentos:

O mercado espera de maneira quase unânime a manutenção da taxa de juros na próxima reunião do Copom. O cenário deteriorou-se substancialmente nas últimas semanas, além do aumento do risco fiscal e da desvalorização cambial. O principal fator é, sem dúvida, a deterioração das expectativas de inflação, especialmente para o ano de 2025, que é o horizonte relevante para a política monetária.

Em minha avaliação, em uma situação de desancoragem das expectativas e desancoragem crescente, o Banco Central perde a liberdade de atuação e precisa seguir a curva de juros. Se o Banco Central não corresponder às expectativas da curva, corre o risco de perder credibilidade e provocar mais desvalorização cambial, o que pode levar a uma desancoragem ainda maior. Atualmente, o Banco Central do Brasil se encontra nesta situação. A curva de juros aponta para a manutenção, e é muito difícil adotar uma postura diferente.

Um ponto fundamental a ser observado será o voto dos membros do Copom nomeados pelo governo. Na última reunião, esses membros, coincidentemente, votaram por uma postura mais dovish [mais suave], sugerindo um corte de 0,50 ponto percentual em vez de 0,25, o que gerou muitos ruídos e receios sobre o comprometimento do Banco Central na luta contra a inflação. Caso haja uma decisão unânime ou uma maioria significativa a favor da manutenção dos juros, isso poderia diminuir parcialmente o risco associado à transição no comando do Banco Central.

Portanto, é essencial acompanhar este ponto, especialmente o voto de Gabriel Galípolo, que será fundamental na próxima reunião. A decisão sobre a taxa de juros em si e o voto de Gabriel Galípolo serão cruciais nesta reunião.

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Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital:

Em relação às expectativas para a reunião do Copom desta quarta-feira, esperamos a manutenção da taxa de juros. Diversos indícios apontam nessa direção. O Banco Central tem adotado uma postura rígida desde o início do atual governo. As revisões recentes do IPCA para cima nas últimas semanas indicam que não há espaço para um corte, nem mesmo de 0,25 ponto percentual. Várias instituições já projetaram a Selic em 10,5% ou 10,25% para o final do ano.

A manutenção da taxa de juros nos Estados Unidos na semana passada deve influenciar a decisão do Copom, uma vez que o diferencial de taxa de juros afeta significativamente o câmbio. Observamos que o dólar já subiu mais de 10% este ano, compensando parcialmente a deterioração da moeda em função dos aspectos inflacionários que nos afetam. A questão do risco fiscal também pesa consideravelmente para o Brasil. Apesar dos esforços do governo nas últimas semanas para articular medidas de controle fiscal, ainda não vemos impactos efetivos no curtíssimo prazo. Entraremos na segunda metade do ano tentando controlar algo que deveria ter sido resolvido desde o início, e dificilmente atingiremos um déficit primário zero, como era a proposta anterior.

Portanto, resumidamente, aguardamos que o Copom mantenha a taxa de juros sem cortes, e que busquemos estabilizar a inflação em patamares mais aceitáveis, evitando revisões constantes para cima.

Gustavo Faria, Gestor de Recursos CGA do Grupo Fractal:

Para esta semana, o mercado prevê a manutenção da taxa de juros, ou seja, não haverá movimento de corte por parte do Comitê de Política Monetária (Copom). Apresento dois motivos para tal expectativa.

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O primeiro é que as expectativas de inflação ficaram desancoradas devido aos riscos fiscais atuais. Observa-se um aumento nos gastos do governo, especialmente em decorrência dos acontecimentos no Rio Grande do Sul. Esse aumento nos gastos leva o Banco Central a adotar uma postura mais cautelosa em sua política monetária. Uma taxa de juros mais baixa poderia estimular excessivamente a economia, gerando uma inflação mais intensa no curto prazo e potencialmente fugindo ao controle.

Em segundo lugar, há a questão da política monetária internacional. Anteriormente, esperava-se uma redução nas taxas de juros no exterior ainda no meio deste ano. No entanto, a expectativa agora é que essa redução ocorra apenas no final do ano, se ocorrer. Isso faz com que o Banco Central adote uma postura mais prudente e evite ações precipitadas.

Desde o início das políticas de corte na taxa Selic, o Banco Central tem atuado com cautela e aparentemente continuará a fazê-lo, pelo menos durante o atual mandato do Copom.

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Fonte: Redação Terra
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