Após resolver o impasse e definir a instituição do Novo Banco de Desenvolvimento, a presidente Dilma Rousseff afirmou que a criação de novos mecanismos econômicos multilaterais fazem com que o bloco emergente ganhe mais relevância no cenário internacional. Nesta terça-feira, líderes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (Brics) deram o passo mais concreto em conjunto desde que começaram a se reunir anualmente, em 2009.
"O Brics ganha densidade política e importância no cenário mundial”, disse a presidente Dilma Rousseff em discurso na sessão plenária da cúpula do bloco emergente. “Essas iniciativas mostram que nossos países, apesar de suas diversidades, estão decididos a construir uma parceria sólida e positiva com consequências sólidas e construtivas”, acrescentou.
Dilma lembrou que, apesar do cenário econômico internacional adverso, os países-membro do Brics apresentam crescimento superior à média internacional. Ela afirmou também que a convergência de posições entre os Brics “não deve ser confundido como exercício de poder hegemônico ou poder de dominação”.
Foram assinados na cúpula de Fortaleza quatro acordos entre os países do grupo emergente. A criação do Novo Banco de Desenvolvimento foi a que envolveu maior concentração diplomática uma vez que se instalou um impasse na escolha da sede da instituição e que país indicaria seu primeiro presidente.
No final, o Brasil – que insistia em deter a primeira presidência – cedeu a chefia do banco para um executivo indicado pela Índia, Xangai (China) foi escolhida como sede do banco, e o ato foi definido. O capital previsto para o banco é de US$ 100 bilhões – o fundo inicial será de US$ 50 bilhões – com divisão igualitária das cotas entre os cinco membros.
“Tomamos hoje uma decisão histórica com a criação do banco do Brics e o arranjo contingente de reservas. Quando iniciamos as negociações, poucos acreditaram que se tornaria realidade tão rapidamente”, afirmou a presidente. De acordo com Dilma, "o banco representará uma alternativa para as necessidades de financiamento dos países em desenvolvimento" e "compensará as deficiências de crédito" que existem atualmente nas instituições financeiras multinacionais.
Sobre o fundo de contingências, que será usado pelos países dos Brics em caso de turbulências monetárias internacionais, a presidente garantiu que ele "contribuirá para a estabilidade financeira global" e que também "complementará os mecanismos existentes". Dilma defendeu que "pelo peso de suas economias e influência em suas regiões", os países do Brics "não podem ser alheios às grandes questões internacionais", já que se transformaram em "fatores essenciais para a economia global.