A presidente Dilma Rousseff saiu em defesa da Argentina na questão da crise de dívida soberana pela qual o país vizinho está passando. Parte da negociação firmada por Buenos Aires foi recusada por credores e impede o pagamento com desconto negociado com outros fundos. Para a presidente, esse tipo de impasse cria instabilidade no sistema financeiro como um todo, que é danoso ao cenário internacional.
“Quando você cria imponderáveis entre devedores e credores, vocês está contribuindo para instabilizar o sistema. Nós somos a favor da estabilidade financeira”, disse a presidente. “Achamos que em algum momento no futuro, algum país, como foi o caso da Grécia, podem precisar de negociações de dívida soberana e aí tem de ter regras do jogo claras.”
“Não é possível que se faça uma negociação toda e, de repente, se desmonte a negociação, porque se cria instabilidade. Noventa e poucos por cento da dívida estavam negociadas”, acrescentou a presidente.
Em 2001, a Argentina deu calote em sua dívida e fez rodadas de negociação, garantindo acordo com 92,4% dos credores. Os demais venderam seus títulos para o que a presidente Cristina Kirchner chama de “fundos abutres”, que acionaram a Justiça para receber o valor integral devido. Caso a Argentina pague o total devido a esses fundos, uma cláusula a impede de fazer pagamento facilitado aos demais credores.
Dilma lembrou que o governo brasileiro já entrou na Justiça em favor da Argentina e afirmou que o tema será levado de maneira objetiva à próxima cúpula do G20, grupo que reúne as 19 maiores economias do planeta mais a União Europeia.
“Levar o assunto para o G20 não é chegar lá e ficar reclamando, é chegar no G20 e dizer ‘olha, tem um foco de instabilidade grave no sistema de renegociação de dívidas soberanas’”, explicou Dilma, alegando que o grupo é o foro mais adequado para esse tipo de discussão.