A presidente Dilma Rousseff afirmou que fica "bastante agoniada" com a alta da inflação, prometeu que seu governo fará todos os esforços para controlar o aumento dos preços e disse esperar que a situação melhore até o final deste ano. Em entrevista ao apresentador Jô Soares, da TV Globo, que foi ao ar na madrugada deste sábado, Dilma também voltou a defender a necessidade de se fazer o ajuste fiscal o mais rápido possível, para que o País saia rapidamente da atual situação econômica, classificada pela presidente como momentaneamente difícil.
"Eu fico bastante agoniada (com a inflação), eu acho que é das coisas que mais me preocupam", disse Dilma. "Eu sei que é passageiro, mas eu sei também que, mesmo sendo passageiro como é que, afeta o dia a dia das pessoas."
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Após o Banco Central elevar, na semana passada, a taxa básica de juros pela sexta vez seguida, Dilma prometeu que seu governo fará todo o possível para controlar a escalada de preços. "Fico preocupada porque eu acho que nós vamos ter que fazer um imenso esforço. E quero te dizer o seguinte: nós vamos fazer o possível e o impossível para o Brasil voltar a ter uma inflação bem estável, dentro da meta", assegurou. "Nós estamos esperando que melhore até o final do ano. A gente não pode chegar aqui e jurar... depende de coisas que também nós não controlamos."
A inflação oficial, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou em maio alta acumulada em 12 meses de 8,47%, o maior patamar dos últimos 11 anos. A meta de inflação do governo é de 4,5% ao ano, com margem de tolerância de dois percentuais para mais ou para menos.
Na entrevista, Dilma também voltou a defender a solidez estrutural da economia brasileira e a necessidade de se fazer rapidamente o ajuste das contas públicas para que o país retome o caminho do crescimento.
O governo vem conseguindo aprovar com dificuldade as medidas de ajuste enviadas ao Congresso até agora. As propostas enviadas pelo Executivo ao Legislativo têm sido alvo de mudanças por parte dos parlamentares, que reduzem o montante da economia estimado pelo governo ao editar essas medidas.
MInistério e Petrobras
Durante a entrevista, gravada na sexta-feira no Palácio da Alvorada, Dilma lembrou, ao ser questionada sobre a saúde, que o governo deixou de ter a arrecadação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) durante o governo Lula. Ao afirmar que o tributo destinava R$ 40 bilhões por ano ao setor, Dilma disse que saúde "custa caro" e que são necessários recursos para a área.
Na sexta, durante Congresso do PT em Salvador, o ministro da Saúde, Artur Chioro, chegou a mencionar a possibilidade da volta da CPMF, mas no mesmo dia em São Paulo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse que isso não era cogitado pelo governo e, mais tarde, em nota o Ministério da Saúde afirmou também que não há estudos neste sentido.
Ao ser questionada sobre a criação de um imposto sobre grandes fortunas, medida defendida pelo PT, a presidente afirmou: "É uma ideia que precisa ser avaliada, como todas boas ideais." Indagada sobre o atual número de ministérios, 38, a presidente voltou a defender o número atual de pastas mas sinalizou, sem dar detalhes que "no futuro" esse número pode ser menor.
Sobre a Petrobras, que está no centro das investigações sobre um esquema bilionário de corrupção, Dilma disse que as pessoas que estavam em postos de comando da estatal quando assumiu o primeiro mandato em 2011 não eram de sua confiança.
"Não eram pessoas da minha confiança. Quando você sobe ao governo, você coloca pessoas da sua confiança. Bom, a Petrobras não é um barquinho que você vira rapidamente, então passou um ano e eu troquei a diretoria toda e coloquei uma diretoria da minha confiança", disse.
A presidente voltou a dizer que a estatal "virou uma página" ao publicar seu balanço auditado de 2014 e garantiu que a companhia se tornará "uma das empresas mais lucrativas do mundo nessa área".