A política monetária do Federal Reserve continua restritiva e bem posicionada, disse a diretora do Fed Adriana Kugler nesta terça-feira, mas o progresso para levar a inflação de volta à meta de 2% do banco central dos Estados Unidos perdeu força e o aumento da inflação de bens observado nos dados mais recentes "não ajuda".
O recente aumento nas expectativas de inflação refletido em pesquisas com consumidores norte-americanos também merece atenção especial, disse Kugler em comentários preparados para um evento da Câmara de Comércio Hispânica dos EUA em Washington.
Com base nas leituras dos índices de preços ao consumidor e ao produtor divulgadas neste mês, Kugler disse que a estimativa é de que o índice de preços PCE, que o Fed usa para orientar sua meta de 2%, tenha subido a um ritmo de 2,5% em fevereiro na base anual, o mesmo que em janeiro.
"Em certas subcategorias, há evidências de que a inflação voltou a acelerar nos últimos meses", disse Kugler. "É importante ressaltar que, embora a inflação de bens tenha sido negativa em 2024 - como era a norma antes da pandemia - ela se tornou positiva nos últimos meses. Esse acontecimento não ajuda, pois a inflação de bens sempre manteve um controle sobre a inflação total e também afeta as expectativas de inflação."
De fato, pesquisas como o Índice de Confiança do Consumidor mensal da Universidade de Michigan mostraram um aumento nas expectativas de inflação vinculadas aos planos do governo Trump de tarifas abrangentes sobre produtos importados para os EUA.
"Estou prestando muita atenção na aceleração dos aumentos de preços e nas expectativas de inflação mais alta, especialmente devido ao recente salto de inflação nos últimos anos", disse Kugler.
Kugler, cujo mandato no Conselho de Diretores do Fed terminará no próximo ano, disse que alguns dados econômicos, como as vendas no varejo, mostraram uma atividade mais branda neste ano, mas que o mercado de trabalho parece ter permanecido estável até fevereiro.