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Economia

Diversidade na empresa é estratégica pois consumidor brasileiro é plural, diz CEO da Amazon

Primeira mulher a dirigir a companhia no País, Juliana Sztrajtman anuncia continuidade de políticas de inclusão na subsidiária e se diz disposta a enfrentar desafios de contexto geopolítico antidiversidade

25 mar 2025 - 09h10

Primeira mulher a dirigir a Amazon no Brasil, Juliana Sztrajtman iniciou sua gestão como CEO em janeiro deste ano, em um momento desafiador para os temas de diversidade. Multinacionais sediadas nos Estados Unidos, incluindo a Amazon global, anunciaram reformulação ou descontinuidade de programas em prol da agenda, afetando perfis sub-representados nos ambientes corporativos, como as mulheres.

À frente da subsidiária brasileira, o discurso na gestora, entretanto, é de continuidade e avanço nos projetos de inclusão e sustentabilidade. Recentemente, em um evento entre executivas da companhia no Brasil para jornalistas mulheres, Sztrajtman anunciou a filiação da companhia ao Movimento Mulher 360, organização para equidade de gênero em empresas do País.

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Evento 'Mulheres à frente da Amazon Brasil', ocorrido em fevereiro de 2025
Evento 'Mulheres à frente da Amazon Brasil', ocorrido em fevereiro de 2025
Foto: Amazon Brasil/Divulgação / Estadão

Para o Estadão, a gestora afirmou que a adesão ao movimento faz parte do investimento na criação de um ambiente de trabalho equitativo, para que mulheres desenvolvam suas habilidades e tenham as mesmas oportunidades de trabalho. Ela espera que sua própria carreira seja a prova viva disso.

"Quero que minha trajetória mostre que é possível chegar lá, que a diversidade não é só um 'discurso bonito', mas sim um ativo valioso para qualquer empresa", disse. "Além de ser a coisa certa a se fazer, (ter uma equipe diversa) é uma maneira estratégica de representar nossos consumidores, principalmente no Brasil. E a razão para isso é simples: o consumidor brasileiro é plural."

Abaixo, os principais trechos da entrevista:

No evento 'Mulheres à frente da Amazon', em fevereiro, a sra. pontuou que sua liderança seria sobre equilibrar diversos papéis. Em quais aspectos essas habilidades de equilíbrio contribuem para a gestão de uma grande empresa?

Como líder, é preciso sempre ter em mente que estamos impactando pessoas. Além de terem seus papéis profissionais, elas são seres humanos, com suas particularidades e vida pessoal. Assim como todos e todas equilibramos diferentes papéis - somos trabalhadores, mas também mães, pais, filhas e irmãs -, essa habilidade de equilibrar responsabilidades se reflete na capacidade de adaptação e flexibilidade na gestão. Essa habilidade é crucial em um mundo empresarial em constante mudança, para tomar decisões estratégicas, lidar com crises e promover inovação. Quando a liderança valoriza a diversidade de perspectivas e experiências, ela pode criar uma cultura organizacional mais ágil e resiliente.

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Como tem sido iniciar o trabalho como presidente em uma multinacional no momento em que medidas antidiversidade têm ganhado força no cenário geopolítico internacional?

Por um lado, sinto a responsabilidade de representar tantas pessoas e de abrir caminhos para outras mulheres e grupos sub-representados, e é algo que levo muito a sério. Quero que minha trajetória mostre que é possível chegar lá, que a diversidade não é só um 'discurso bonito', mas sim um ativo valioso para qualquer empresa. No entanto, essa responsabilidade só se sustenta quando me conecto com o propósito maior. Todos os dias tento me lembrar de por que estou aqui. Me lembro das pessoas que me inspiraram, das que me apoiaram e das que dependem de mim. E essa lembrança me dá forças para seguir em frente, para lutar por um mundo mais justo e igualitário, onde todos tenham a oportunidade de brilhar, independentemente de sua origem, gênero, raça ou orientação sexual. Acredito que a liderança, nesse contexto, exige mais do que nunca empatia, coragem e resiliência. Precisamos ouvir as pessoas, entender suas dores e necessidades e criar um ambiente onde todos se sintam seguros, valorizados e respeitados. Precisamos ter a coragem de defender nossos valores, mesmo quando isso significa ir contra a corrente. E precisamos ser resilientes para superar os obstáculos e não desistir dos nossos sonhos. É um desafio enorme, sem dúvida, mas estou disposta a enfrentar isso.

De que modo ter uma equipe mais diversa ajuda nos resultados de uma companhia?

Ter uma equipe diversa não é apenas uma questão de responsabilidade social. Além de ser a coisa certa a se fazer, é uma maneira estratégica de representar nossos consumidores, principalmente no Brasil. E a razão para isso é simples: o consumidor brasileiro é plural. Aqui na Amazon temos como prioridade fazer nossos consumidores se sentirem representados. Nossa população é formada por uma rica mistura de culturas, etnias, gêneros, orientações sexuais, classes sociais e experiências de vida. Para realmente entender e atender às necessidades e desejos desse público tão diverso, precisamos ter pessoas que representem isso dentro da nossa empresa. Essa pluralidade nos permite entender e atender às necessidades de um público cada vez mais diverso, e isso se reflete na satisfação dos nossos clientes. Uma equipe diversa traz uma variedade de perspectivas, ideias e experiências que enriquecem a tomada de decisões, a criação de produtos e serviços, e a comunicação com os clientes.

Globalmente, a Amazon encerrou ou modificou políticas de diversidade que estava adotando até então. Enquanto isso, a subsidiária brasileira afirmou manter o diálogo com a agenda, inclusive com a entrada no Movimento Mulher 360. Essas políticas internas irão continuar em sua gestão ou haverá mudanças?

A Amazon continua comprometida com ações de diversidade. Como uma empresa global que atende centenas de milhões de clientes, estamos comprometidos em construir equipes de trabalho e uma cultura que reflita as comunidades que atendemos. E é importante que nossas equipes sejam diversas para construir os melhores produtos e serviços para nossos diversos clientes. Nós adotamos uma abordagem baseada em dados para avaliar e desenvolver nossos programas, para garantir que eles sejam eficazes e alinhados com a estratégia geral da empresa para inclusão. Temos 13 grupos de afinidade globais, com mais de 120 mil participantes em todo o mundo, que trabalham próximos à liderança para promover mudanças positivas. No Brasil, temos grupos como o Glamazon (focado na comunidade LGBTQIA+), o Amazon PwD (para pessoas com deficiência), o Black Employee Network (BEN), e o Women@Amazon, que apoia o desenvolvimento de mulheres na empresa. Nos associarmos ao Movimento Mulher 360 faz parte do nosso apoio contínuo e investimento na criação de um ambiente de trabalho equitativo para todas as equipes, com espaço e visibilidade para que as mulheres desenvolvam suas habilidades e tenham as mesmas oportunidades de trabalho.

No Brasil, está prevista alguma mudança da Amazon em relação às suas iniciativas de sustentabilidade, como o 'Climate Pledge Friendly'?

Nós seguimos engajados e alinhados com estratégias de sustentabilidade globalmente, com investimentos significativos no Brasil. Temos uma usina solar de 122 MW, com um investimento de R$ 2 milhões em programas de proteção ambiental durante sua construção, e um parque eólico de 49,5 MW, localizado no Complexo Eólico de Seridó, no Rio Grande do Norte. Como resultado, neste ano, fomos eleitos pelo quinto ano consecutivo, a maior compradora corporativa de energia renovável do mundo. Além disso, ampliamos nossas operações logísticas de entregas por meio de veículos sem emissão de CO2, operados pela To Do Green, uma empresa brasileira de logística sustentável, focada em reduzir impactos ambientais no setor: de sete para 24 estações de entrega, responsáveis por realizar entregas em mais de 98 cidades do interior de São Paulo.

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