A dívida pública federal do Brasil subiu 3,27% em junho sobre maio, a 4,390 trilhões de reais, num mês marcado pelo alto volume de emissões aproveitando a melhoria do ambiente do mercado, divulgou o Tesouro Nacional nesta quarta-feira.
Em nota, o Tesouro destacou que em junho houve reabertura gradual de diversas economias, com o cenário externo ficando mais favorável diante das expectativas com o desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19 e com novos estímulos econômicos, o que repercutiu positivamente sobre os mercados.
"Tal conjuntura permitiu ao Tesouro realizar sua primeira operação no mercado externo em 2020 e emitir, no mercado doméstico, volumes mais elevados do que em meses anteriores", disse.
Olhando apenas para a dívida pública mobiliária interna, houve avanço de 2,93% em junho sobre maio, a 4,151 trilhões de reais, diante de emissão líquida de 99,18 bilhões de reais e apropriação positiva de juros de 18,80 bilhões de reais.
Já a dívida externa subiu 9,65% na mesma base de comparação, a 239,03 bilhões de reais.
No início de junho, o Tesouro emitiu 3,5 bilhões de dólares no mercado externo, sua primeira incursão do tipo desde novembro e que contou com forte demanda, levando as taxas de retorno para baixo do inicialmente estimado.
Foram emitidos dois papéis novos: 1,25 bilhão de dólares em títulos de cinco anos, com vencimento em 2025 (Global 2025) e taxa de retorno de 3%, e 2,25 bilhões de dólares em papéis de 10 anos, com vencimento em 2030 (Global 2030) e retorno de 4%.
Para o ano, a meta corrente no Plano Anual de Financiamento (PAF) é de um estoque da dívida total entre 4,5 trilhões de reais e 4,75 trilhões de reais, mas o Tesouro havia indicado que mudaria o PAF por conta da pandemia de coronavírus.
Em relação aos detentores, a participação dos investidores estrangeiros na dívida mobiliária interna teve pequeno recuo a 9,09% em junho, sobre 9,11% no mês anterior.
Já quanto à composição, os títulos que variam com a Selic, representados pelas LFTs, continuaram com maior peso na dívida pública federal, a 38,23% do total, abaixo dos 38,85% de maio. No PAF, o intervalo fixado para o ano é de 40% a 44%.
Já os títulos prefixados avançaram a 30,11% da dívida, ante 29,41% no mês anterior, frente a uma meta de 27% a 31% para 2020.
Os papéis indexados à inflação, por sua vez, reduziram a fatia sobre a dívida para 25,90% da dívida total, ante 26,30% em maio, sendo que a referência para este ano é de 23% a 27%.
Por fim, os títulos atrelados ao câmbio viram sua representatividade aumentar a 5,76% da dívida total, contra 5,44% no mês anterior.
JULHO
Sobre julho, o Tesouro avaliou que o mês continuou a mostrar um ambiente positivo para recuperação econômica.
"Destaque para divulgação de um pacote de ajuda bilionário pelos países da União Europeia, que ajudou a reforçar as perspectivas com relação à recuperação da atividade econômica. Internamente, a ênfase dada pelo governo à retomada da agenda de reformas e a diminuição da volatilidade cambial ajudaram a melhorar o ambiente de negócios", diz a nota do Tesouro.
"Estes elementos, em conjunto, contribuíram para reduzir a inclinação da curvas de juros. Na mesma direção, o CDS de 5 anos do Brasil registrou queda de 12,9%, entre o fechamento do mês de junho e o dia 28 de julho, atingindo 224 pontos."