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Dívidas afetam a saúde mental: entenda como e o que fazer

Estudos comprovam a relação entre saúde financeira e saúde mental; veja as recomendações de especialista

20 jul 2022 - 06h00
Foto: Adobe Stock

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 milhões de pessoas no mundo sofrem com problemas relacionados à saúde mental, sendo o Brasil o mais ansioso do mundo, além de ser o país com mais casos de depressão da América Latina. Um dos principais gatilhos que desencadeiam essas doenças é a instabilidade financeira, alerta Mariza Menegasso Lencioni, psicóloga da plataforma Vittude. 

“Problemas relacionados à saúde mental podem moldar a maneira como a mente funciona, alterar emoções e comportamentos, aumentado a impulsividade, trazendo consequências negativas para diferentes áreas da vida. Pessoas nessas condições costumam ter maior dificuldade em administrar suas finanças, pois o medo e a preocupação ficam mais intensos, prejudicando a tomada de decisões”, descreve a especialista, que tem mais de 30 anos de experiência. 

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Relação entre saúde mental e saúde financeira 

A ansiedade foi o sintoma que atingiu seis em cada dez inadimplentes (63,5%), mostrou um levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Na sequência, o estudo relata os sintomas: estresse e irritação (58,3%), tristeza e desânimo (56,2%), angústia (55,3%) e vergonha (54,2%) – que foi mais comum entre as mulheres (57,6%) do que entre os homens (49,4%). 

O estudo mostra também que 42,8% relataram insônia ou excesso de vontade de dormir e 32,3% apresentaram alterações no apetite. Outro dado alarmante é que 28,2% das pessoas endividadas aliviaram suas ansiedades em algum vício, como cigarro, bebida ou comida e 24,7% gastaram mais com compras ou perderam o controle. De acordo com estudo do Serasa, mais de 40% dos brasileiros estavam inadimplentes em maio deste ano. 

Por outro lado, as pessoas com um desequilíbrio na saúde mental podem ser mais propensas a tomar más decisões, financeiramente: segundo um estudo do Money and Mental Health Policy Institute realizado em 2019, 93% das pessoas estavam com a saúde mental abalada e gastavam mais do que o normal; 92% acharam difícil tomar algum tipo de decisão financeira e 74% adiaram o pagamento de contas. Outros 71% evitaram lidar com os credores e 56% pegaram empréstimo que, em outra situação, não teriam contratado. 

Mariza Lencioni explica o motivo: “Quando a saúde mental e o bem-estar pedem atenção, é comum buscarmos uma ‘válvula de escape’, como as compras por impulso e sem necessidade, viagens sem planejamento e outras atitudes como formas de compensar o vazio relacionado ao lado emocional”. 

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Resistir à tentação de comprar para aliviar esse ‘vazio’ é um grande desafio, e por isso a psicóloga recomenda: “Nessas horas, o aliado é refletir sobre os seguintes pontos: Eu preciso mesmo disso? Tenho condições de pagar? Está de acordo com os meus sonhos? Quando as finanças estão equilibradas e há uma reserva financeira, a tendência é ter uma vida com mais equilíbrio e menos irritabilidade”, indicou. 

Endividamento dificulta capacidade de sonhar e fazer planos 

“Pessoas acometidas de estresse/ansiedade desencadeados pelo endividamento ou perda do emprego, costumam ter dificuldade para traçar planos e sonhar. Nesse contexto, a ajuda especializada poderá mostrar que sair das dívidas e se reequilibrar financeiramente, poderá ser o primeiro projeto/sonho e a partir daí, traçar outros”, avalia Lencioni. 

Nesse contexto, a educação financeira ajuda a diagnosticar a situação na qual a pessoa se encontra em relação às dívidas, mapeando todas as receitas e despesas, a fim de ter clareza do que está acontecendo e, junto com a família, poder traçar planos e enfrentar esse momento difícil. 

Confira abaixo as dicas da psicóloga para aliviar os sintomas relacionados aos problemas financeiros: 

  • • Olhar para a situação sem se sentir culpado e procurar ajuda especializada;
  • • Fazer um apontamento de todas as despesas, incluindo as pequenas compras, para ter consciência dos gastos que são essenciais dos supérfluos, fazendo a si mesmo a seguinte pergunta: “eu posso viver sem isso?” e a partir daí, se planejar para diminuir as despesas e/ou aumentar a receita;
  • • Converse sobre o problema com sua família e não esconda nada por medo ou vergonha. Busque apoio e mostre para eles que é importante estarem juntos nesse objetivo de buscar o equilíbrio financeiro;
  • • Faça o orçamento financeiro junto com a família: revisem os hábitos que podem ser mudados e de que forma, podem “enxugar” as despesas, buscando alternativas que caibam no bolso;
  • • Se o hábito for a compra online, procure desinstalar todos os aplicativos de compras, assim evitará de receber sugestões de produtos/serviços alinhados com seu perfil; 
  • • Evite aceitar cartões de créditos, pois já vi pessoas endividadas com seis ou sete cartões, com duas ou mais contas bancárias, pois isso pode estimular a compra desnecessária. Se precisa de um cartão, procure manter limite baixo. 

“Todas as pessoas sentem emoções boas ou ruins e lidam com dificuldades em suas vidas. Então, quando se trata de saúde mental, intensidade, frequência, tempo de duração e impacto dos sintomas são fatores que merecem atenção, pois eles indicam que (ou quando) a ajuda especializada é necessária”, explica a especialista. 

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“O processo psicoterapêutico, permite o autoconhecimento e entendimento da origem do problema, se livrando de possíveis culpas, arrependimentos e sentimentos de vergonha”, finalizou. 

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