As recentes declarações do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, em relação à distribuição dos dividendos extraordinários da estatal fez com que as ações da companhia despencarem nos últimos dias. Investidores não esperavam a postura cautelosa do CEO da petrolífera depois da companhia fechar o 3º trimestre de 2023 com US$ 17 bilhões em caixa, cerca de R$ 84 bilhões pela cotação atual.
Em entrevista à Bloomberg, Prates afirmou que seria necessário ser cauteloso com dividendos extraordinários – que são pagos ao acionista quando a empresa tem um aumento de caixa além do esperado. “Precisamos ser cautelosos. Os acionistas vão entender”, disse ao comentar uma meta de, em 10 anos, ter metade da receita da Petrobras vinda de fontes eólica, solar e combustíveis renováveis.
A possibilidade de abdicar dos proventos extraordinários da empresa caiu como um balde de água fria no mercado, o que levou a uma forte queda nas ações nos últimos dois dias. Segundo estudo de Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria, a Petrobras perdeu R$ 34,3 bilhões em valor de mercado em dois dias de negociação.
Embora a queda nos valores dos papéis de fato tenha ocorrido, nada mudou de fato na política de distribuição de dividendos da estatal. Isso é o que apontam analistas e consultores do mercado financeiro. Atualmente, a política é distribuir 45% do fluxo de caixa livre, ou seja, 45% do fluxo de caixa das operações após os investimentos.
“Nada mudou de fato na política de distribuição. A questão é que a fala dele dá indícios de que a companhia vai investir mais em outras áreas, o que reduziria o Fluxo de Caixa Livre e, consequentemente, sobraria menos para distribuir aos acionistas, por isso as ações caíram”, explicou em entrevista ao Terra o analista da Empiricus Research, Ruy Hungria.
Marco Saravalle, analista CNPI-P e sócio-fundador da MSX Invest, também disse em entrevista ao E-Investidor que não houve uma alteração nos fundamentos da companhia nem na política de remuneração dos acionistas. Segundo ele, o mercado já precificou a percepção de risco de um possível fim dos dividendos extraordinários da estatal.
Diante de todo o alvoroço, por enquanto, segundo Hungria, a expectativa ainda é de um dividend yield (retorno em dividendos) acima de mais de 10% nos próximos anos.