Tom Cruise não é melhor ator do mundo, o mais bonito, o mais forte, o mais nada. Ele é bom, bonito e forte o suficiente. Tanto quanto muitos outros.
Mas é o maior astro do planeta e isso já tem umas três décadas. Seus filmes já renderam mais de onze bilhões de dólares, só de bilheteria.
O novo “Missão Impossível” vai aumentar bem o bolo. Vimos ontem na estréia. A família é fã de blockbusters bilionários pra ver no Imax, ou como os batizou minha mulher, “filminho”.
É o ideal platônico de big filme de ação de fazer pipoca voar. Ralo no roteiro, certeiro na premissa, espetacular no escopo e preciso na direção. Se você não ficar com o coração na boca, está morto.
A fortuna de Tom está por volta de US$ 600 milhões. Tem 61 anos e não dá nenhum sinal de desacelerar. Depois da continuação deste “Missão Impossível” em 2024, seu plano é filmar na Estação Espacial.
Qual o segredo de Tom Cruise? São dois.
Primeiro, ele sabe no que é bom, se concentra nisso e se cerca de pessoas que têm o talento e habilidade para os seus projetos.
Cruise sabe o que o mercado, nós, queremos dele. Se dedica a poucos projetos. A cada década que passa foca mais em coisas que têm sua cara, seu DNA.
Você se esforça pra ser cada vez melhor no que é bom?
Segundo, ele se dedica. Se dedica MESMO. Antes, durante e depois. Antes: na seleção, gestação, formatação, casting e até financiamento do projeto. Se esforça para ter o máximo de controle sobre seus projetos. Montou a própria produtora em 1993.
Durante: se expondo como raramente um ator se expõe, fazendo seus próprios stunts. Energizando toda a equipe. Mantendo o astral lá no alto. Liderando. Sendo perfeccionista. Sempre com aquele sorriso de vencedor nos lábios.
Depois: na divulgação incansável do filme. Que funciona também e principalmente porque não vemos Tom Cruise o tempo todo na mídia, ou nas redes sociais.
Quando ele dá as caras, é sempre um evento. Imagem editadinha, nenhuma palavra fora de lugar. Aprendeu com as besteiras que soltou no passado.
Ei, não importa se todo mundo já sabe do novo filme e todo mundo conhece Tom Cruise; você tem que vender o peixe.
Você se dedica de verdade?
Não duvido que na vida pessoal Tom Cruise seja um mitômano alucinado, com um ego cósmico e veleidades de gênio. É o destino provável de todo popstar em qualquer ramo.
Mais quando fama e fortuna chegaram cedo e se instalaram. Mais quando você saiu do nada e se fez, como Cruise.
Você não ascende em um ambiente tão competitivo quando Hollywood sendo gente fina. Nem se mantém ali no topo da pirâmide. As rasteiras e facadas nas costas estão no roteiro.
Mas agora não falo do Tom Cruise como ele é – e jamais saberemos de fato como ele é – mas da imagem de Tom Cruise.
Você não gostaria de trabalhar com Tom Cruise? Virando a pergunta ao contrário: você não gostaria de trabalhar como Tom Cruise?
Eu gosto de pensar em Tom Cruise como um exemplo de – sinto muito se você não gosta da palavra – empreendedor. São impressionantes tanta persistência, permanência, a pressão na direção precisa. Não tenho força de vontade ou disciplina remotamente semelhantes.
Mas me pergunto: como posso fazer melhor o que sei fazer? E como me dedicar com energia e inteligência a isso, sem desperdiçar esforço e tempo com desvios e distrações?
E você?
(*) André Forastieri é jornalista, fundador de Homework e sócio da Compasso, agência que cria soluções de conteúdo e conexão para empresas. Saiba mais em compasso.design.