Após a forte alta da véspera, com investidores reagindo negativamente ao texto do novo arcabouço fiscal, o dólar fechou em baixa nesta quinta-feira, com a sessão conduzida por certa realização de lucros e pelo viés negativo da moeda norte-americana durante a tarde no exterior.
O dólar recuou durante praticamente todo o dia, com alguns investidores vendendo moeda no mercado futuro para realizar parte dos lucros após a alta de 2,20% na quarta-feira.
No exterior, a divisa norte-americana também se mantinha à tarde em queda ante moedas como o peso mexicano, o peso chileno e o dólar australiano.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,0598 reais na venda, em baixa de 0,52%. Na semana, a moeda norte-americana ainda acumulou alta de 2,92%.
Na B3, às 17:21 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,34%, a 5,0655 reais.
O avanço firme do dólar na quarta-feira deixou espaço para que, nesta quinta de véspera de feriado, parte dos investidores realizasse lucros e se reposicionasse, avaliaram profissionais ouvidos pela Reuters.
Na quarta-feira, o avanço da moeda norte-americana esteve ligado à avaliação de que a proposta do novo arcabouço para as contas públicas traz inconsistências e exime o governo de responsabilidades pelo descumprimento das metas fiscais, além de embutir metas ambiciosas.
"Quarta-feira dólar subiu muito, não era para tanto. Nesta quinta-feira estamos vendo realização e acompanhando um pouco o mercado internacional", pontuou Mário Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora.
Operador ouvido pela Reuters pontuou ainda que, como sexta-feira é feriado pelo Dia de Tiradentes no Brasil, é natural que alguns investidores mantenham posições compradas (apostas na alta do dólar) como forma de proteção. Mas, como na véspera o avanço da moeda norte-americana foi forte, nesta quinta-feira a atuação foi para encontrar um valor de equilíbrio, não muito baixo.
Ao avaliar o cenário geral, Luiz Felipe Bazzo, presidente do Transferbank, plataforma de transferências internacionais, avaliou que o "mais provável" é que o dólar se mantenha em abril próximo do patamar de 5 reais, podendo registrar período abaixo deste valor.
"Praticamente todas as moedas de países emergentes, de países exportadores de petróleo vêm se valorizando. Há um novo ciclo de commodities que deve se reforçar com a reabertura chinesa", avaliou Bazzo.
No exterior, o dólar se manteve em baixa durante a tarde, em meio à percepção, trazida por números fracos da economia norte-americana, de que os EUA podem estar caminhando para uma recessão, o que sustenta a visão de que o Federal Reserve pode fazer uma pausa na alta de juros após a reunião de junho.
As vendas de moradias usadas nos EUA caíram 2,4%, para uma taxa anual ajustada sazonalmente de 4,44 milhões de unidades em março, informou a Associação Nacional de Corretores de Imóveis.
Já os pedidos iniciais de auxílio-desemprego subiram em 5 mil, para 245 mil, em dado com ajuste sazonal na semana encerrada em 15 de abril. Economistas consultados pela Reuters previam 240 mil pedidos para a última semana.
Às 17:21 (de Brasília), o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- caía 0,18%, a 101,810.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de junho.