O dólar avançou frente ao real nesta quinta-feira, depois de mudar de sinal várias vezes durante a sessão, com a aprovação do texto-base da PEC dos Precatórios em primeiro turno, receios fiscais domésticos e a força da moeda norte-americana no exterior dominando a atenção de investidores.
A moeda norte-americana à vista subiu 0,35%, a 5,6085 reais na venda. Na B3, onde os negócios vão além das 17h (de Brasília), o dólar futuro subia 0,96%, a 5,6340 reais.
A PEC dos Precatórios, que abre espaço fiscal para o pagamento do benefício social Auxílio Brasil no valor de 400 reais até o final de 2022, foi aprovada com uma margem apertada na madrugada desta quinta-feira, e sua votação em segundo turno deve acontecer na próxima terça-feira.
Embora tenha sido recebido por alguns investidores como esperança de redução das incertezas em torno das contas públicas, o avanço da PEC está longe de ser uma boa notícia para os mercados financeiros, uma vez que prevê mudanças para a regra do teto de gastos.
Além disso, ainda há perspectiva de que o texto possa enfrentar resistência de parlamentares quando chegar ao Senado, disse em nota Jefferson Rugik, da Correparti Corretora. Segundo ele, foram esses receios que levaram o dólar a passear pelas máximas do pregão nesta quinta-feira.
No pico do dia, a moeda foi a 5,6290 reais, alta de 0,71%. Na mínima, de 5,5634 reais, o dólar caiu 0,46%.
Os planos de flexibilização do que é considerada a principal âncora fiscal do país para acomodar mais gastos têm preocupado participantes do mercado há semanas, levando a expectativas de endurecimento ainda mais agressivo da política monetária do Banco Central e a rebaixamentos nas projeções para o desempenho econômico do país por parte de instituições financeiras importantes.
"Na nossa opinião, mudar a regra do teto de gastos para temporariamente aumentar os benefícios sociais não apenas reduz a credibilidade do instrumento fiscal, uma vez que em outros momentos de necessidade o governo poderia mudar a regra novamente, mas também aumenta enormemente a probabilidade de a regra ser alterada de novo em 2023, uma vez que será muito difícil para qualquer presidente que seja eleito no ano que vem acabar com o auxílio temporário", disse o Credit Suisse nesta quinta-feira em relatório assinado por Solange Srour, economista-chefe do banco no Brasil, e Lucas Vilela, economista.
O dia também contou com ampla força do dólar no exterior, com o índice da divisa frente a uma cesta de seis rivais fortes subindo mais de 0,5%, o que se espalhou para o mercado local, segundo especialistas.
Na quarta-feira, o Federal Reserve confirmou que começará a desfazer seu estímulo da era pandêmica, o que é, no geral, visto como benéfico para o dólar. No entanto, o banco central deixou claro que terá paciência para elevar os juros e continua enxergando o recente pico de inflação nos Estados Unidos como transitório.
Com o desempenho desta quinta-feira, o dólar acumula agora alta de 8,03% contra o real no acumulado de 2021.