O dólar fechou em queda ante o real nesta terça-feira, com o ambiente externo mais tranquilo favorecendo ajustes de posição após fortes altas recentes, ainda em meio a incertezas sobre a condução da política econômica no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff e os desdobramentos da Operação Lava Jato envolvendo a Petrobras.
A moeda norte-americana caiu 0,42%, a R$ 2,5903 na venda, após acumular alta de quase 5% neste mês até a véspera. A moeda norte-americana tem repetidamente renovado as máximas de fechamento em quase uma década.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,5 bilhão nesta sessão.
"É natural que a alta do dólar não seja completamente linear. Há sempre alguns momentos de realização, de ajuste", disse o gerente de câmbio da corretora TOV, Celso Siqueira, ressaltando que o mercado continua "bastante tenso".
Os agentes financeiros anseiam por saber quem substituirá Guido Mantega no Ministério da Fazenda e entenderão o anúncio como uma sinalização sobre como será guiada a política econômica, num momento de baixo crescimento e inflação alta. Dilma já afirmou que só apresentaria nomes após a reunião do G20, que aconteceu no fim de semana passado. Ou seja, a cada dia que passa, a ansiedade cresce.
O receio dos investidores subiu mais um nível com a nova fase da Operação Lava Jato, que levou a Petrobras a adiar a divulgação de seu balanço. O UBS cortou sua recomendação para as ações ordinárias da estatal, projetando baixa contábil de US$ 10 bilhões.
"Esse tipo de notícia (a Operação Lava Jato) é um susto que faz todo mundo correr para proteção. Não é questão de fundamentos ou de impacto sobre a economia, é questão de sentimento", disse o superintendente de derivativos de uma gestora de recursos internacional.
No exterior, a moeda norte-americana recuava contra moedas como o euro, após dados mais fortes do que o esperado sobre a confiança na Alemanha e depois de o Japão convocar eleições antecipadas.
Durante a tarde, o mercado reagiu positivamente a nota publicada no blog da jornalista Tereza Cruvinel, afirmando que Dilma está considerando nomear o atual presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, para a Fazenda, substituindo-o pelo nome preferido dos mercados Henrique Meirelles, ex-presidente da autoridade monetária.
Nesta manhã, o Banco Central vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 1,1 mil contratos para 1º de junho e 2,9 mil para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a US$ 196,3 milhões.
O BC também vendeu nesta sessão a oferta integral de até 14 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 1º de dezembro, equivalentes a US$ 9,831 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 54% do lote total.