Após superar os 5,50 reais pela manhã, o dólar perdeu força durante o dia e fechou a sexta-feira em baixa ante o real, com agentes aproveitando as cotações mais elevadas no Brasil para vender divisas e em meio ao avanço firme do petróleo no exterior.
A queda do dólar ante o real contrastou com o avanço da moeda norte-americana ante outras divisas, após a divulgação de dados fortes do mercado de trabalho dos EUA.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,32%, cotado a 5,4564 reais. Na semana, porém, a moeda acumulou alta de 0,37%.
Às 17h18, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,36%, a 5,4745 reais na venda.
Principal dado do dia, o relatório de emprego payroll mostrou pela manhã que a economia norte-americana abriu 254.000 vagas fora do setor agrícola em setembro, ante 159.000 em agosto (dado revisado para cima). O resultado ficou bem acima dos 140.000 postos projetados por economistas ouvidos pela Reuters, contra 142.000 em agosto no dado informado originalmente.
Outros números revelaram a força da economia norte-americana: a média de ganhos por hora aumentou 0,4% em setembro, os salários aumentaram 4,0% ante o ano anterior e a taxa de desemprego caiu para 4,1% em setembro.
Os dados impulsionaram o dólar em todo o mundo, em meio à leitura de que, com uma economia forte, o Federal Reserve aplicará um corte menor em sua taxa de juros em novembro, de apenas 25 pontos-base, e não de 50 pontos-base.
No Brasil, o dólar à vista atingiu a cotação máxima de 5,5199 reais (+0,84%) às 9h45, já após a divulgação do payroll.
Com o dólar acima de 5,50 reais, no entanto, exportadores aproveitaram para vender divisas no Brasil, enquanto investidores comprados no mercado futuro aproveitaram para realizar lucros.
"Nos 5,50 reais o exportador vendeu. E houve desmonte de posições no mercado futuro", comentou diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik. Com isso, segundo ele, o dólar virou para o negativo.
"Temos praticamente apenas o peso mexicano e o real ganhando força hoje. O resto está perdendo para o dólar", acrescentou durante a tarde.
Outro fator de influência sobre o mercado de câmbio, na avaliação da analista Larissa Quaresma, da Empiricus Research, era o avanço firme do petróleo no exterior, em mais um dia de preocupações em torno da escalada do conflito no Oriente Médio.
Como o Brasil é exportador de petróleo, a alta da commodity no exterior favorece a alta do real ante o dólar.
Com isso, o dólar à vista marcou a cotação mínima de 5,4516 reais (-0,41%) às 12h00. Durante a tarde, demonstrou certa volatilidade, mas ainda encerrou em baixa.
Às 17h13, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,57%, a 102,490.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 1º de novembro de 2024.
À tarde, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou que a balança comercial brasileira registrou superávit de 5,363 bilhões de dólares em setembro. Ao fazer sua revisão trimestral de projeções para o ano, o MDIC estimou que a balança comercial fechará 2024 com um saldo positivo de 70,4 bilhões de dólares, ante previsão anterior de superávit de 79,2 bilhões de dólares.