O dólar fechou em queda ante o real pela terceira sessão consecutiva nesta terça-feira, em linha com outros mercados emergentes, após números de inflação nos Estados Unidos alimentarem expectativas de que os juros não devem subir tão cedo na maior economia do mundo.
O movimento também refletiu o arrefecimento das tensões geopolíticas, após a derrubada do avião malaio no leste da Ucrânia. A moeda americana recuou 0,54%, a R$ 2,2118 na venda, acumulando baixa de 2,08% nos últimos três pregões. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,5 bilhão.
"O número cheio (da inflação nos EUA) não surpreendeu, mas houve uma pequena desaceleração no núcleo. Como o mercado está bastante sensível a esse tema, foi o suficiente para fazer o dólar depreciar", afirmou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
Os preços ao consumidor nos EUA subiram 0,3% em junho, em linha com as expectativas do mercado. Mas o núcleo da inflação desacelerou, levando investidores a apostarem que o Federal Reserve, banco central americano, pode ter margem para aumentar a taxa de juros mais tarde do que o esperado.
Juros mais baixos nos EUA mantêm a atratividade de ativos financeiros de outros países, como o Brasil, com potencial para atrair mais dólares. Nesse quadro, a divisa americana recuava contra diversas moedas emergentes, como o peso mexicano e o rand sul-africano.
Contribuiu para reduzir a pressão sobre o dólar o alívio na crise ucraniana, que vinham afetando os mercados globais desde a semana passada e levando investidores a evitar ativos de risco, como aqueles denominados em real. Nesta terça-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que a Rússia usará sua influência sobre os separatistas no leste da Ucrânia para permitir investigação completa sobre a queda do avião da Malaysian Airlines.
"A gente percebe que o clima está mais tranquilo, tanto aqui quanto lá fora. Esse alívio nos problemas na Ucrânia deu uma oportunidade para os investidores voltarem ao mercado doméstico", afirmou o operador de uma corretora nacional.
Eleição
O mercado de câmbio também está de olho no processo eleitoral no Brasil. Duas pesquisas indicaram nos últimos dias empate entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o candidato Aécio Neves (PSDB) num eventual segundo turno da disputa à presidência. As notícias vêm num momento em que os mercados financeiros demonstram desconfiança sobre a condução da política econômica do atual governo.
"Daqui para frente, a tendência é que o mercado seja cada vez mais influenciado pelo fluxo de notícias relacionado às eleições", afirmou o economista da área de análises da XP Investimentos, Daniel Cunha. O dólar continuou assentado na banda informal de R$ 2,20 a R$ 2,25. Boa parte do mercado acredita que esse intervalo agradaria ao Banco Central brasileiro, por não ser inflacionário e não prejudicar as exportações.
Pela manhã, a autoridade monetária vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, com volume correspondente a US$ 198,7 milhões. Foram 3 mil contratos de 2 de fevereiro de 2015 e 1 mil para 1º de junho de 2015.
O BC também vendeu a oferta total de até 7 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em agosto. Ao todo, o BC já rolou pouco menos da metade do lote total, que corresponde a US$ 9,457 bilhões.
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