Com os investidores à espera da decisão do Banco Central sobre a Selic, marcada para o início da noite, o dólar à vista teve uma nova sessão de perdas ante o real nesta quarta-feira, em sintonia com o exterior, onde a moeda norte-americana também cedia após comentários do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre a inflação nos EUA.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,7681 reais na venda, com baixa de 0,56%. Esta é a menor cotação de fechamento desde 31 de maio de 2022, quando atingiu 4,7542.
Na B3, às 17:14 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,55%, a 4,7735 reais.
Após os recuos das últimas semanas, o dólar à vista chegou a ensaiar uma recuperação na manhã desta quarta, enquanto investidores aguardavam pelo depoimento de Powell à Câmara norte-americana.
Às 9h39, a divisa atingiu a cotação máxima da sessão, de 4,8173 reais (+0,47%), mas a partir daí passou a perder força, como vem ocorrendo, com investidores enxergando pouco espaço para um dólar mais elevado.
Powell começou a falar às 11h e seus comentários não reforçaram necessariamente uma visão mais dura -- ou hawkish, no jargão do mercado -- sobre o futuro da política monetária nos EUA.
Apesar de dizer que o combate à inflação tem "um longo caminho a percorrer", o chair do Fed afirmou que pode fazer sentido aumentar os juros a um "ritmo mais moderado".
Com a fala de Powell, que se estendeu até o início da tarde, o dólar foi se firmando em queda ante diversas divisas ao redor do mundo, incluindo o real.
"O dólar está fraco hoje (quinta-feira) em relação a uma cesta de moedas fortes. As divisas de emergentes estão subindo também", pontuou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado.
Segundo ele, os avanços na área fiscal e a queda da inflação no Brasil são alguns dos fatores que contribuem para o otimismo dos investidores.
"Temos uma conjunção de fatores e, na ausência de fato novo, o mercado não tem muito como mudar a percepção de que é dólar para baixo", acrescentou.
Ainda durante a fala de Powell, o dólar à vista marcou a cotação mínima de 4,7644 reais (-0,64%) às 12h44, em sintonia com a perda de força da moeda norte-americana também no exterior.
Durante a tarde, as cotações se mantiveram em margens mais estreitas, com os agentes do mercado à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que anunciará no início da noite o novo patamar da taxa básica Selic, hoje em 13,75% ao ano.
No mercado futuro de juros, a precificação é de que há apenas 5% de chances de o Copom cortar a Selic nesta quinta-feira, em 0,25 ponto percentual. A probabilidade de manutenção da taxa, conforme a precificação, é de 95%.
Dois profissionais ouvidos pela Reuters lembraram que a expectativa recai sobre o comunicado do colegiado, já que a expectativa majoritária do mercado é de que o BC passe indicações de que iniciará o processo de cortes em agosto.
Segundo eles, tanto a manutenção da Selic nesta quinta-feira quanto o corte de 0,25 ponto percentual em agosto já estão precificados no mercado de câmbio. Assim, somente se o Copom surpreender haverá algum tipo de reação mais intensa nas cotações de quinta-feira.
No fim da tarde, o dólar seguia em queda ante uma cesta de moedas fortes e em relação à maioria das demais divisas de emergentes ou exportadores de commodities.
Às 17:14 (de Brasília), o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- caía 0,42%, a 102,080.
Durante a tarde, o Banco Central informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de 1,589 bilhão de dólares em junho até o dia 16. Pelo canal financeiro, houve saídas líquidas de 1,587 bilhão de dólares e, pelo comercial, o saldo no período foi negativo em 2 milhões de dólares.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de agosto.