O dólar fechou em queda de mais de 1% sobre o real nesta terça-feira, anulando todo o avanço da sessão anterior em reação positiva às medidas fiscais anunciadas pelo governo brasileiro e ao alívio nos mercados globais após a economia da China desacelerar menos que o esperado.
A moeda americana caiu 1,54%, a R$ 2,6150 na venda, após atingir R$ 2,6085 na mínima da sessão. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,1 bilhão (aproximadamente R$ 2,89 bilhões).
Esta queda também refletiu um movimento de correção, após a divisa subir 1,33% na véspera em um dia marcado por baixo volume.
"Houve uma conjunção de fatores que deixou o mercado animado, começando pela China e acabando aqui, no pacote de aumento de impostos de ontem", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
Na véspera, o governo anunciou quatro medidas tributárias que vão elevar a arrecadação neste ano em R$ 20,63 bilhões. O pacote reforçou a perspectiva de maior rigor fiscal, em meio ao quadro de inflação alta e crescimento baixo, afastando ainda mais as dúvidas sobre o comprometimento do governo com o ajuste das contas públicas.
Crescimento chinês
O bom humor foi sustentado também pela surpresa positiva em relação ao crescimento econômico da China no 4º trimestre do ano passado, que desacelerou menos que o esperado.
Embora o resultado para 2014 tenha ficado abaixo da meta do governo, o indicador animou investidores, alimentando a demanda por ativos de maior risco, que já vinha elevada devido a expectativas de mais estímulos na zona do euro.
Investidores no mercado doméstico também aproveitaram o quadro favorável para corrigir excessos da véspera, quando o dólar saltou diante da ameaça de racionamento de energia, mais um obstáculo para a cambaleante atividade econômica brasileira.
O movimento foi exagerado pelo baixo volume de negócios, devido ao feriado nos Estados Unidos.
"Ontem (19), o dólar subiu um pouco no vazio e, com o mercado mais cheio, é normal dar alguns passos para trás", disse Celso Siqueira, gerente de câmbio da corretora Tov.
Venda de dólares
Nesta manhã, o Banco Central deu continuidade às atuações diárias, vendendo a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias.
Foram vendidos 1,1 mil contratos para 1º de setembro e 900 para 1º de dezembro, com volume correspondente a US$ 98,4 milhões.
O BC fez ainda mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em 2 de fevereiro, que equivalem a US$ 10,405 bilhões, vendendo a oferta total de até 10 mil contratos. Até agora, a autoridade monetária já rolou cerca de 61% do lote total.